Sindicatos, indígenas e universitários do Equador vão protestar na terça-feira contra a alta dos preços dos combustíveis enquanto vigora um estado de exceção determinado pelo governo conservador de Guillermo Lasso para combater o narcotráfico.
Será "uma marcha pacífica, amparando-nos no direito à resistência", disse à AFP o líder sindical Mesías Tatamuez.
A mobilização representa um desafio inicial para o governo Lasso, que assumiu em maio, e pode elevar a temperatura social em um país com uma grave crise carcerária, com centenas de mortos, e que tenta se recuperar da devastação econômica provocada pela pandemia.
A Frente Unitária dos Trabalhadores (FUT), que reúne as principais centrais sindicais, a Confederação Nacional dos Povos Indígenas (Conaie) e o sindicato das universidades, uniram forças para exigir que Lasso congele os preços dos combustíveis.
“Se o governo não congelar os (preços dos) combustíveis, nos parece uma infâmia. A gasolina está mais cara”, disse Tatamuez.
Desde 2020, o Equador reajusta os combustíveis mensalmente com o preço do petróleo no mercado internacional, com o qual o galão americano de diesel, o mais consumido, subiu 70% (de um dólar para US$ 1,70).
Lasso, um ex-banqueiro que defende a livre flutuação de preços, disse não ter a intenção de mudar essa política. No entanto, ele evocou a possibilidade de direcionar a compensação para as operadoras e setores mais atingidos.
“Se quer se concentrar (na compensação), se concentre, mas diga como. Até agora, não entrou em acordo nem com as operadoras”, afirmou Tatamuez.
A Federação dos Estudantes Universitários do Equador (FEUE) indicou que acompanhará a mobilização para denunciar uma "precariedade" do mercado de trabalho devido às reformas trabalhistas promovidas por Lasso para impulsionar a economia.
Organizações sociais marcham apesar do estado de exceção decretado pelo governo por 60 dias para enfrentar a violência do tráfico de drogas.
No meio dessa outra crise, militares e policiais patrulham as ruas, embora o presidente tenha afirmado que não restringirá direitos como o de protesto e de reunião.
Conaie liderou protestos violentos em 2019 contra a eliminação total dos subsídios aos combustíveis, que deixou onze mortos e obrigou o então presidente Lenín Moreno a recuar em sua decisão.
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