O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, prometeu, nesta terça-feira (19), implementar uma "revolução verde", durante sua apresentação uma cúpula de investimentos com a qual busca captar bilhões em financiamento, a poucos dias do início da cúpula sobre o clima em Glasgow.
"Este é o plano: uma revolução industrial verde, impulsionada pelas novas liberdades do Brexit", defendeu diante de uma equipe de dirigentes liderada pelo fundador da Microsoft e filantropo, Bill Gates, e pela diretora da Organização Mundial do Comércio (OMC), Ngozi Okonjo-Iweala, reunidos em uma Cúpula de Investimento Global em Londres.
"Nesta sala, estão reunidos US$ 24 trilhões. Quero dizer a cada um desses dólares: são bem-vindos ao Reino Unido", brincou, acrescentando que o país pretende aproveitar sua capacidade de atrair investimentos "para tomar um novo rumo".
Johnson quer que o Reino Unido alcance a neutralidade do carbono em 2050.
Ele se prepara para receber os líderes mundiais na COP26, a cúpula da ONU sobre a mudança climática que acontecerá na cidade escocesa de Glasgow de 31 de outubro a 12 de novembro.
O primeiro-ministro considera que o investimento verde é essencial para o crescimento da economia britânica, duramente afetada pela pandemia do coronavírus e pelo Brexit.
Na segunda-feira (18), véspera desta Cúpula de Investimento Global, seu governo anunciou que o gigante espanhol de energia elétrica Iberdrola investirá 6 bilhões de libras (US$ 8,2 bilhões) no Reino Unido para criar seu maior projeto de energia eólica offshore.
Planejado junto com sua filial Scottish Power na costa leste da Inglaterra e ainda pendente de autorizações regulatórias, o projeto deve fornecer energia suficiente para abastecer 2,7 milhões de casas e criar 7.000 empregos, afirmou Johnson.
O investimento do grupo espanhol é o maior de uma série de 18 operações, decididas no marco desta reunião empresarial. Com valor total estimado em 9,7 bilhões de libras, tem potencial para criar 30.000 empregos.
Falta de ambição
Nesta terça-feira, Johnson e Gates também anunciaram um investimento de 400 milhões de libras ao longo de dez anos. Metade deste valor será ofertada por um programa de investimento dirigido pelo bilionário americano, e a outra metade, pelo governo britânico, para financiar "a próxima geração de tecnologias de energia limpa".
A reunião gerou, no entanto, críticas de militantes ambientalistas, como o grupo Global Justice Now, que a classificou como uma simples operação cosmética.
O grupo denunciou que quatro bancos convidados ao evento (BlackRock, JP Morgan Chase, Goldman Sachs e Barclays) investiram um total de US$ 173 bilhões em combustíveis fósseis nos últimos anos. E condenou a participação do gigante energético britânico Drax Group que, segundo essa ONG, apenas em 2019 lançou mais emissões que todo país do Gana, situado na África Ocidental.
Hoje, o governo de Johnson também apresentou sua muito esperada estratégia de neutralidade do carbono.
A estratégia inclui investimentos para impulsionar a produção de veículos elétricos e subsídios de 5.000 libras aos proprietários de casas, a partir do ano que vem, no âmbito de um programa de 450 milhões de libras, para ajudá-los a substituir as velhas caldeiras a gás por bombas de calor de baixo carbono.
O Executivo de Johnson suprimiu, porém, um projeto anterior para melhorar o isolamento das casas. A medida é considerada fundamental pelos especialistas para que esses novos sistemas de aquecimento doméstico funcionem efetivamente. Também denunciaram que os subsídios permitirão financiar apenas 90.000 dispositivos, entre os milhões de que o país precisa.
"Até que as brechas em políticas e financiamento sejam fechadas, o apelo de Boris Johnson a outros países para que cumpram suas promessas na Conferência Global sobre o Clima do próximo mês será fácil de ignorar", afirmou Rebecca Newson, responsável do Greenpeace no Reino Unido, denunciando uma falta de ambição verdadeira por parte do governo.
Notícias pelo celular
Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.
Dê a sua opinião
O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.