Prêmio Nobel

Trio de especialistas da economia experimental ganha prêmio Nobel

O trio "contribuiu com novas ideias sobre o mercado de trabalho e mostrou quais conclusões podem ser tiradas de experiências naturais em termos de causas e consequências", elogiou o júri

Agência France-Presse
postado em 11/10/2021 08:30 / atualizado em 11/10/2021 09:08
 (crédito: Claudio BRESCIANI / TT NEWS AGENCY / AFP)
(crédito: Claudio BRESCIANI / TT NEWS AGENCY / AFP)

O Prêmio Nobel de Economia foi concedido, nesta segunda-feira (11), a três especialistas da economia experimental: o canadense David Card, o americano Joshua Angrist e americano-holandês Guido Imbens, que permitiram esclarecer várias áreas como o mercado de trabalho, migração e educação.

Com "experiências naturais" evocando os ensaios clínicos em farmacologia, o trio "contribuiu com novas ideias sobre o mercado de trabalho e mostrou quais conclusões podem ser tiradas de experiências naturais em termos de causas e consequências", elogiou o júri do Nobel.

"Sua abordagem se estendeu para outras áreas e revolucionou a pesquisa empírica", ressaltou o comitê do 53º Prêmio do Banco da Suécia em Ciências Econômicas em Memória de Alfred Nobel.

Última distinção e único que não estava previsto no testamento do inventor sueco, o prêmio de Economia, concedido desde 1969, encerra a temporada do Nobel.

O prêmio concedido hoje recompensa o canadense David Card, nascido em 1956, "por suas contribuições empíricas para a economia do trabalho". Por meio de experimentos naturais, Card, professor da universidade californiana de Berkeley, analisou os efeitos do salário mínimo, da migração e da educação no mercado de trabalho.

"Seus estudos do início da década de 1990 puseram em xeque as ideias recebidas, o que levou a novas análises e a novas perspectivas", segundo o júri.

Os resultados de sua pesquisa mostraram que o aumento do salário mínimo não supõe, necessariamente, uma redução do emprego.

Graças aos seus estudos, "percebemos que os recursos nas escolas são muito mais importantes para o êxito futuro dos alunos no mercado de trabalho do que pensávamos".

Angrist, de 61 e professor do MIT, e Imbens, de 58, foram recompensados, de forma conjunta, "por suas contribuições metodológicas na análise das relações de causa e efeito".

Em meados da década de 1990, os dois pesquisadores demonstraram como conclusões precisas sobre causas e efeitos podem ser fruto de experimentos naturais.

Puderam, então, concluir que um ano adicional de estudo aumentava em média o salário em 9%, ou que os americanos nascidos no último semestre do ano tinham melhores estudos.

"Estou absolutamente pasmo", testemunhou Guido Imbens, contactado por telefone pela Fundação Nobel. "Josh Angrist foi minha testemunha de casamento, então ele é um bom amigo tanto pessoal quanto profissionalmente e estou muito feliz em compartilhar o prêmio com ele e David", disse.

Os três homens estavam entre dezenas de nomes considerados por especialistas ouvidos pela AFP.

No ano passado, o prêmio foi para os americanos Paul Milgrom e Robert Wilson, por terem melhorado a teoria de leilões e inventado novos formatos de leilões.

Por vezes descrito como "falso Nobel", por não fazer parte do testamento de fundação de Alfred Nobel, o prêmio de Economia é o mais masculino, com apenas duas laureadas entre seus agora 89 premiados.

Também é, em grande parte, monopolizado por economistas americanos: é preciso voltar a 1999 para termos um ano sem que os Estados Unidos tenham um laureado em Economia.

O 53º prêmio de Economia encerra uma temporada em que os comitês desafiaram as previsões de especialistas e apostadores, com 12 homens e apenas uma mulher distinguidos.

Em razão da pandemia de covid-19, os vencedores do prêmio não irão a Estocolmo para a tradicional cerimônia de 10 de dezembro, como no ano passado. Poucas esperanças permanecem para o Prêmio Nobel da Paz em Oslo, com uma decisão esperada nos próximos dias.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação