Magnata populista em conflito com a União Europeia (UE) e envolvido nos "Pandora Papers", o primeiro-ministro tcheco, Andrej Babis, é o favorito nas eleições legislativas que começam nesta sexta-feira (8).
O empresário dos setores agroalimentar, químico e midiático tentará conquistar a segunda vitória consecutiva de seu movimento populista ANO, apesar de uma polêmica gestão da pandemia e de seus problemas com a Justiça.
O magnata de 67 anos é acusado de suposta fraude em subsídios da União Europeia, que o critica por conflito de interesse como empresário e político.
No fim de semana passado, a investigação internacional dos "Pandora Papers" revelou que, em 2009, ele usou dinheiro de empresas em paraísos fiscais para adquirir algumas propriedades, incluindo um castelo no sul da França.
Mesmo assim, Babis, que denuncia uma campanha de difamação, ainda aparece como favorito nas pesquisas com 30% de apoio.
A votação começou nesta sexta às 12h GMT (9h de Brasília), encerrando às 20h GMT, e retomando no sábado, das 6h GMT às 12h GMT. Os resultados são esperados para a noite de sábado (9).
Quinta fortuna tcheca de acordo com a Forbes, Babis chefia um governo minoritário com os social-democratas, tacitamente apoiado pelo Partido Comunista que liderou a ex-Tchecoslováquia entre 1948 e 1989 e do qual o primeiro-ministro fazia parte.
Ele enfrenta a oposição de dois grupos, cuja popularidade disparou no início do ano, quando este país da Europa Central liderou as estatísticas mundiais de mortes e infecções por coronavírus por habitante.
Por um lado, há uma aliança entre o Partido Pirata - contrário ao poder dominante - e o centrista Prefeitos Independentes. Por outro, a coalizão Juntos, formada pelo Partido Democrático Cívico de Direitas, o TOP09 (centro-direita) e a União Democrática Cristã (centro).
Os dois grupos chegaram a ultrapassar o movimento populista ANO nas pesquisas, mas o primeiro-ministro rapidamente partiu para o ataque e fez a balança pender novamente a seu favor, ameaçando um futuro incerto para o país caso seus rivais ganhassem.
"O ANO exibe o populismo típico que conhecemos nos livros escolares: um líder forte que busca dividir a sociedade e criar uma identidade tribal", diz Lebeda.
A economia da República Tcheca, de 10,7 milhões de habitantes e membro da União Europeia, está se recuperando após a pandemia. O recente aumento nas pensões e salários da administração pública disparou o déficit público.
Em sua campanha, o ANO atacou a imigração em condição clandestina e se comprometeu a proteger os veículos movidos a combustíveis fósseis, ou a matriz energética tradicional tcheca, que é baseada na energia nuclear.
Entre os outros partidos que competem nas eleições, está o movimento de extrema-direita antimuçulmano Liberdade e Democracia Direta (SPD), liderado pelo empresário nascido em Tóquio Tomio Okamura.
As pesquisas também apontam para uma hecatombe dos social-democratas e comunistas, que podem até ficar sem representação, se não excederem o mínimo de 5% dos votos necessários para entrar no Parlamento.
A nomeação do primeiro-ministro cabe ao presidente pró-russo Milos Zeman, aliado de Babis.
De acordo com Josef Mlejnek, analista da Universidade Carlos de Praga, o chefe de Estado "fará o que puder para manter" o partido de Babis no poder.
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