ALEMANHA

Merkel apela por diálogo a partidos

Correio Braziliense
postado em 03/10/2021 22:56
 (crédito: JAN WOITAS)
(crédito: JAN WOITAS)

A chanceler da Alemanha, Angela Merkel, fez um apelo aos partidos políticos para que superem as diivergências depois das eleições legislativas, em um contexto de negociações difíceis para a formação do governo. Em discurso por ocasião do Dia Nacional da Reunificação da Alemanha, em 1990, a líder fez um balanço dos 16 anos no poder e pediu aos alemães que defendam a democracia dos demagogos.

“Temos que continuar moldando nosso país. Podemos discutir sobre a forma precisa de fazer isto no futuro, mas sabemos que temos a solução, que temos que ouvir a todos, uns aos outros, e dialogar”, declarou Merkel, que vai se aposentar da política após a formação do novo governo, algo que pode demorar meses. “Temos divergências, mas também coisas em comum. Estejam dispostos a reunir-se com os demais (...) e tenham a capacidade de suportar as diferenças”, acrescentou, na cidade de Halle (leste). “Esta é a lição de 31 anos de unidade alemã.”

Essas foram as primeiras declarações de Angela Merkel sobre o resultado das eleições e a situação política derivada das urnas — a coalizão governista União Democrata Cristã (CDU) e União Social Cristã (CSU) perdeu para o Partido Social-Democrata (SPD), do candidato Olaf Scholz. As negociações exploratórias entre as legendas para a formação do novo Executivo começaram ontem e devem ser muito complicadas.

Tríade
Muito provavelmente será necessária uma aliança de três partidos com programas muito distintos para alcançar a maioria, o que não ocorria desde a década de 1950. A opção considerada mais plausível no momento é a de uma coalizão do SPD, que ficou em primeiro lugar (25% dos votos), com o Partido Verde e o Partido Democrático Liberal (FDP, direita). Tal possibilidade é apoiada por 59% dos alemães, segundo uma pesquisa da emissora ZDF.

Os líderes do SPD e do FDP relataram “discussões construtivas” no início da tarde, sem entrar em detalhes. No entanto, o secretário-geral dos liberais, Volker Wissing, admitiu que as “posições” de ambos os grupos ainda “estavam muito distantes em questões importantes”. É o caso, em particular, dos impostos que os sociais-democratas querem aumentar para os mais ricos e que o FDP pretende diminuir. A centro-direita da chanceler também tenta estabelecer uma aliança com ecologistas e liberais. Embora os democratas-cristãos da CDU, partido de Merkel, tenham emergido enfraquecidos e divididos de sua derrota eleitoral, a formação se reuniu separadamente com o FDP e com os Verdes.

O líder da CDU, Armin Laschet, ao qual muitos atribuem o pior resultado eleitoral registrado pelos conservadores na história da Alemanha moderna (24,1% dos votos), parece cada vez mais ameaçado. Seus rivais dentro do partido, como Friedrich Merz ou Jens Spahn, que defendem uma linha mais voltada para a direita, se preparam para uma eventual sucessão de liderança. Outros exigem uma renovação “completa” do partido, após 16 anos de Angela Merkel.


Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Tags

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação