As fortes inundações registradas desde maio no Sudão do Sul deslocaram ou afetaram cerca de 426.000 pessoas, entre elas 185.000 crianças, com a água inundando suas casas e plantações, informou nesta terça-feira (21) a agência humanitária da ONU (OCHA).
As equipes de auxílio enviaram barcos e canoas para as populações afetadas, enquanto "são esperadas ainda mais chuvas intensas e inundações (...) para os próximos meses", acrescenta.
As chuvas "aumentaram a vulnerabilidade dessas comunidades, com muitos de seus habitantes deslocados pelas inundações e que buscam refúgio em igrejas e escolas", diz a OCHA.
No ano passado, inundações recordes afetaram cerca de 700.000 pessoas sobre uma população total de 11 milhões em todo o país. Entre os deslocados naquele momento, cerca de 100.000 ainda não puderam voltar para suas casas, afirma a OCHA. Neste ano, 113 escolas foram gravemente danificadas, o que afetou a educação de muitas crianças, acrescenta a agência.
Em agosto, a OCHA alertou que recebeu apenas 54% dos 1,7 bilhão de dólares (cerca de 1,4 bilhão de euros) necessários para financiar os programas de ajuda a esse país.
Esses cortes orçamentários também obrigaram o Programa Mundial de Alimentos (PMA) das Nações Unidas a suspender sua ajuda alimentar a mais de 100.000 deslocados no Sudão do Sul, informou esta agência no início de setembro.
Quatro em cada cinco sul-sudaneses vivem na "pobreza absoluta", de acordo com dados do Banco Mundial (BM) que datam de 2018, enquanto 60% da população sofre de fome como consequência de conflitos, secas e inundações.
Desde sua independência do Sudão, em 2011, o país mais jovem do mundo foi muito prejudicado por uma crise econômica-política crônica, e luta para se recuperar das consequências da guerra civil, que provocou quase 400.000 mortes e quatro milhões de deslocados, entre 2013 e 2018.
Fruto de um acordo de paz de 2018, Salva Kiir e Riek Machar, rivais durante a guerra civil, participam de um governo de unidade nacional, o primeiro como presidente e o segundo como vice-presidente.
Este governo, no entanto, está sob a ameaça permanente de lutas pelo poder, que atrasam o cumprimento do acordo de paz e fomentam a violência endêmica e a crise econômica.