É necessário administrar nos americanos uma terceira dose da vacina contra o coronavírus da Pfizer para melhor protegê-los contra a covid-19? Especialistas do mundo médico se reúnem nesta sexta-feira (17) para opinar sobre esse polêmico tema.
O governo do presidente Joe Biden anunciou em agosto que lançaria uma campanha de reforço, a partir de 20 de setembro, para todos os americanos que haviam recebido sua segunda dose oito meses antes.
Essa decisão pegou muitos especialistas de surpresa, ainda cautelosos quanto aos possíveis efeitos colaterais que essa dose adicional geraria e em um momento em que muitos países tiveram acesso apenas a um número muito limitado de injeções.
A desconfiança se espalhou pelas fileiras da Agência de Medicamentos e Alimentos dos Estados Unidos (FDA, na sigla em inglês), que publicou um documento se distanciando da decisão anunciada antes da reunião de seu comitê de especialistas independentes.
"No geral, os dados indicam que as vacinas licenciadas nos Estados Unidos ainda conferem proteção contra formas graves da covid-19 e morte", disse a FDA.
Os especialistas deste comitê (pesquisadores, epidemiologistas, especialistas em doenças infecciosas) devem decidir se consideram que há evidências suficientes sobre eficácia e segurança de uma dose de reforço.
As recomendações deste comitê não são vinculativas, mas geralmente são seguidas.
Qualquer sinal de desconfiança que possa expressar em suas conclusões soaria, porém, como uma crítica ao governo Biden. O democrata anunciou que queria revacinar todos os americanos antes mesmo de consultar as agências científicas.
Dois altos funcionários da FDA já assinaram uma carta publicada no The Lancet contra uma terceira dose "neste estágio da pandemia".
Se os especialistas votarem a favor de uma dose de reforço para os americanos, caberá a outro comitê - liderado pela principal agência federal de saúde, os Centros de Controle e Prevenção de Doenças (CDC, na sigla em inglês) - decidir quem deve receber essa vacina primeiro e quando. Este grupo se reunirá de 22 a 23 de setembro.
No passado, os CDC determinaram que a prioridade deveria ser dada a adultos com 65 anos, ou mais, residentes de lares para idosos e profissionais de saúde.
Para convencer da necessidade dessa dose adicional, a Pfizer planeja citar estudos que mostraram uma diminuição na proteção contra a infecção alguns meses após a administração das duas primeiras doses, de acordo com documentos do grupo farmacêutico.
Um número crescente de estudos mostra, porém, que duas doses são suficientes para fornecer alta proteção contra manifestações graves da doença, embora em níveis ligeiramente mais baixos em pessoas mais velhas.
A Pfizer também citará dados que mostram que os reforços aumentam o nível de anticorpos contra a variante delta, bem como estudos conduzidos em Israel, onde se fez uma campanha de administração da terceira dose, para sustentar seus argumentos.
A FDA afirma, entretanto, que nem todos os estudos são necessariamente confiáveis e estima que aqueles resultantes de pesquisas nos Estados Unidos "provavelmente representem com mais precisão a eficácia das vacinas na população americana".