Austrália

Austrália responde críticas chinesas e afirma que respeita o direito internacional

O chefe de Governo australiano afirmou em várias entrevistas que seu governo reagiu a uma mudança na dinâmica da região Ásia-Pacífico, onde há cada vez mais disputas territoriais

A Austrália respondeu nesta sexta-feira (17) à indignação da China pelo anúncio da compra de vários submarinos de propulsão nuclear e se comprometeu a respeitar o direito internacional nos espaços aéreos e marítimos reivindicados pelo governo de Pequim.

Pequim tem um "programa muito substancial de construção de submarinos nucleares", recordou o primeiro-ministro australiano, Scott Morrison, em uma entrevista à rádio 2GB.

"Eles têm o direito de tomar decisões de defesa com base em seus interesses nacionais, e certamente a Austrália e os demais países também têm", completou, em resposta às críticas de Pequim.

Após o anúncio do acordo de cooperação entre Austrália, Estados Unidos e Reino Unido, a China reagiu e considerou a aliança uma ameaça "extremamente irresponsável" à estabilidade regional.

Também denunciou que prejudica os esforços internacionais para evitar a proliferação de armamento nuclear.

O novo pacto de segurança entre Austrália, Estados Unidos e Reino Unido, anunciado na quarta-feira pelo presidente americano, Joe Biden, também prevê uma colaboração estreita entre Washington e Canberra nas áreas de ciberdefesa e inteligência artificial.

O chefe de Governo australiano afirmou em várias entrevistas que seu governo reagiu a uma mudança na dinâmica da região Ásia-Pacífico, onde há cada vez mais disputas territoriais.

"Garantir a paz"

A Austrália é "consciente" da capacidade dos submarinos nucleares chineses e do aumento do gasto militar de Pequim, afirmou Morrison ao Channel Seven.

"Nos interessa assegurar que as águas internacionais continuem sendo internacionais, e o céu internacional continue sendo internacional, e que a lei seja aplicada de maneira igual em todos estes lugares", disse.

O primeiro-ministro afirmou que a Austrália deseja assegurar que não existam "zonas proibidas" em áreas administradas pelo direito internacional.

"Isto é muito importante para o comércio, para coisas como instalar cabos submarinos, para os aviões e onde podem voar. Esta é a ordem que precisamos preservar, é isso que a paz e a estabilidade nos trazem", declarou.

O anúncio do acordo de cooperação não irritou apenas a China, mas também a França, que perdeu um grande contrato militar, avaliado em 90 bilhões de dólares australianos (US$ 65 bilhões), por 12 submarinos tradicionais.

O ministro francês das Relações Exteriores, Jean-Yves Le Drian, chamou a ruptura de "punhalada nas costas".

Tensão comercial

A principal motivação do novo acordo é a influência crescente da China.

O gigante asiático reivindica a soberania de boa parte do Mar da China Meridional, muito rico em recursos naturais e pelo qual transitam a cada ano mercadorias avaliadas em bilhões de dólares.

Pequim rejeita as pretensões territoriais de outros países da região, como Vietnã, Malásia ou Filipinas.

A China foi acusada de deslocar para esta região estratégica mísseis anti-navio e terra-ar, o que representa uma violação a uma decisão de um tribunal internacional que considerou em 2016 que Pequim não tem nenhum "direito histórico" no Mar da China Meridional.

As tensões comerciais aumentaram nos últimos três anos entre Pequim e Canberra.

A China adotou sanções econômicas contra produtos australianos em vários setores, enquanto a Austrália rejeitou investimentos chineses em áreas consideradas sensíveis e pediu publicamente uma investigação sobre a origem da pandemia do coronavírus.

Morrison disse que a nova aliança de defesa, que é fruto de 18 meses de negociações com Washington e Londres, será permanente.

"Envolve um compromisso muito significativo, não apenas para hoje, mas para sempre. Por isso me refiro a ela como a associação eterna, que vai manter a Austrália segura no futuro", afirmou.