Primeiro, a Coreia do Norte lançou dois mísseis de curto alcance em Yangdok (centro). Os artefatos voaram 800km, a uma altitude de 60km, e caíram sobre o Mar do Japão. Pouco depois, a Coreia do Sul disparou, com sucesso, o primeiro míssil balístico a partir de um submarino (SLBM), tornando-se o sétimo país a possui essa tecnologia avançada. Os lançamentos de mísseis escalaram a tensão na Península Coreana. O Conselho de Segurança da Organização das Nações Unidas reuniu-se, em caráter emergencial, para debater os desdobramentos na região, a pedido da França e da Estônia. Os Estados Unidos denunciaram o regime de Kim Jong-un por violar as resoluções do Conselho, mas admitiu o desejo de dialogar com a Coreia do Norte. Um porta-voz do Departamento de Estado afirmou que os mísseis de Pyongyang representam “uma ameaça aos seus vizinhos e a outros membros da comunidade internacional”. “Seguimos comprometidos a ter uma abordagem diplomática com a RPDC (Coreia do Norte) e os convidamos a se envolverem em um diálogo”, acrescentou.
O presidente sul-coreano, Moon Jae-in, inspecionou o inédito disparo, ao visitar o centro de testes da Agência para Desenvolvimento da Defesa (ADD). “Ter um SLBM é algo muito significativo em termos de dissuasão de segurança contra ameaças omnidirecionais e deve desempenhar grande papel na autossuficiência da defesa nacional e no estabelecimento da Paz na Península Coreana”, afirmou um comunicado divulgado pelo gabinete de Moon. O míssil sul-coreano foi disparado do novo submarino Ahn Chang-ho, inaugurado em 13 de agosto.
Ex-especialista em comunicação do 38 North — site dedicado à análise sobre a Coreia do Norte e projeto do instituto Stimson Center (em Washington) —, Justin Arnold entende os lançamentos de dois mísseis balísticos, por parte de Kim Jong-un, como uma continuação do programa armamentista de Pyongyang. “O regime comunista envia a Washington uma mensagem de que Joe Biden não pode ignorar a Península Coreana. Não me surpreendo com os disparos dos dois mísseis, mas com o fato de que Kim demorou para fazer isso”, afirmou ao Correio. “Quanto aos artefatos lançados pela Coreia do Sul a partir de um submarino, a ideia é surpreender o Norte, que também busca desenvolver mísseis balísticos lançados de submarino no complexo de estaleiros Nampo. Creio que Pyongyang tende a acelerar o seu programa bélico. Não ficaria surpreso se Kim fizesse um disparo a partir de submarino em 2022.”
De acordo com Arnold, existe o risco de a escalada bélica levar a um erro de cálculo capaz de desatar um conflito armado. “A chave para ambos os lados é comunicar suas intenções e neutralizar a situação. No entanto, não excluo uma resposta da Coreia do Norte para breve, principalmente depois da promessa de Moon de buscar a dissuasão”, disse o estudioso.