A Etiópia decidiu expulsar sete funcionários da ONU por "interferência", anunciou nesta quinta-feira (30) o Ministério das Relações Exteriores do país, enquanto os colaboradores alertaram para o acesso humanitário restrito à região conflituosa do Tigré.
"De acordo com as cartas dirigidas a cada um dos sete indivíduos listadas a seguir, todos devem abandonar o território da Etiópia nas próximas 72 horas", disse o ministério em um comunicado em sua página do Facebook, nomeando os sete funcionários ordenados a irem embora.
O secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, disse que ficou surpreso com a decisão e afirmou que “todas as operações humanitárias das Nações Unidas se baseiam nos princípios fundamentais da humanidade, na imparcialidade, neutralidade e independência”.
Os Estados Unidos condenaram "nos termos mais veementes possíveis" o anúncio e ressaltaram que "não hesitarão" em "usar todas as ferramentas à disposição", lembrando a capacidade americana de aprovar sanções contra dirigentes etíopes, informou a secretária de imprensa da Casa Branca, Jen Psaki.
O ministério etíope declarou "personae non gratae" sete indivíduos que trabalham para várias ONGs internacionais na Etiópia, por interferência nos assuntos internos do país.
O secretário-geral da ONU afirmou que a organização negocia com o governo etíope para que as pessoas afetadas possam "continuar seu importante trabalho" no país. "Na Etiópia, a ONU proporciona uma ajuda vital, como alimentos, medicamentos, água e material de saneamento, para pessoas que precisam desesperadamente", disse, antes de afirmar que tem "total confiança" em sua equipe.
O Tigré está imerso em um conflito desde novembro e cresce o temor de mortes por inanição na região. A ONU alertou que 400.000 pessoas enfrentam condições similares à fome.
Segundo a ONU, a região segue sob um bloqueio, alertando sobre uma "catástrofe iminente", já que os combates entre as forças do primeiro-ministro Abiy Ahmed e a Frente de Libertação do Povo do Tigré (TPLF) se espalharam para as áreas vizinhas.
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