O conturbado processo de retirada das tropas americanas do Afeganistão ganhou ontem um novo ingrediente polêmico. Dezessete dias após a saída dos últimos militares, o Exército dos Estados Unidos reconheceu ter cometido um erro no ataque com drone contra supostos terroristas do Isis-K, em 29 de agosto, na capital afegã, Cabul. A ofensiva matou 10 civis.
“Ofereço minhas mais profundas condolências aos familiares dos falecidos”, declarou, pouco depois, o secretário de Defesa, Lloyd Austin, em nota. O chefe do Pentágono admitiu que o homem atacado era “apenas uma vítima inocente, com os demais tragicamente assassinados”.
“Pedimos desculpas e trabalharemos para aprender com esse erro terrível”, assinalou Austin, garantindo que as forças americanas têm como orientação primordial a preservação de vidas inocentes: “Nenhum exército se esforça tanto quanto o nosso para evitar baixas civis.”
O chefe do Comando Central dos EUA, general Kenneth McKenzie, disse que o alvo do ataque era uma suposta operação terrorista contra o aeroporto de Cabul sobre a qual a Inteligência americana tinha uma “certeza razoável”. “O ataque foi um erro trágico”, assumiu McKenzie.
Em reportagem publicada no último dia 6, o jornal The New York Times apontou o possível erro, com base na análise de vídeos de câmeras de segurança da área em que houve o ataque. As imagens mostraram Ezmarai Ahmadi, uma das vítimas, e colegas colocando galões de água no porta-malas de um carro e pegando um notebook para seu chefe.
Ezmarai Ahmadi era um engenheiro elétrico da ONG Nutrition & Education International, um grupo de assistência com sede na Califórnia ao qual ele, como milhares de afegãos, havia solicitado uma realocação para os Estados Unidos.
Autoridades americanas garantem que uma explosão maior ocorreu após o ataque do drone, provando que havia explosivos no veículo. No entanto, a investigação do The New York Times observou que não havia evidências de uma segunda explosão, pois foi observado apenas um amassado em um portão próximo e nenhum sinal claro adicional, como paredes destruídas.
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Nações Unidas
Também ontem, o Conselho de Segurança da ONU renovou por seis meses sua missão política no Afeganistão (Manua) em uma resolução que pede um “governo inclusivo e representativo” do Talibã e a participação das mulheres na vida social.
Aprovada por unanimidade pelos 15 membros do Conselho, a resolução insiste na importância de se estabelecer um governo inclusivo e representativo e apela à “participação plena, igualitária e significativa das mulheres e ao respeito pelos direitos humanos, incluindo mulheres e crianças e minorias”.
O texto foi elaborado pela Estônia e pela Noruega, país que celebrou a “mensagem de união” que o conselho da ONU envia ao Afeganistão. No mês passado, outra proposta de resolução, pedindo liberdade de movimento para os afegãos que desejam deixar o país, obteve apenas 13 votos, com a abstenção da Rússia e da China.
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