Dubai, Emirados Árabes Unidos - Sete anos atrás os rebeldes houthis capturaram a capital do Iêmen, Sanaa, desencadeando uma guerra que mergulhou um país já empobrecido na pior crise humanitária do mundo.
Apesar de alguns esforços diplomáticos para parar os combates entre os rebeldes apoiados pelo Irã e o governo aliado da Arábia Saudita, não há fim à vista para o conflito que levou milhões à fome.
- Quem está vencendo? -
Analistas dizem que a balança pende para os rebeldes houthis.
A Arábia Saudita lidera uma coalizão de apoio ao governo do Iêmen desde março de 2015 e seus ataques aéreos permitiram a recuperação de alguns territórios do sul, enquanto os rebeldes controlam grande parte do norte e grandes áreas do oeste.
Mas os houthis parecem mais fortes do que nunca e até ousam lançar ataques contra posições na Arábia Saudita, exibindo um vasto arsenal de mísseis e drones.
Os rebeldes controlam firmemente seu território, enquanto no campo oposto surgem disputas entre o governo, incapaz de fornecer serviços básicos, e separatistas do sul que exigem mais influência política.
"Depois de sete anos, vemos uma grande mudança no equilíbrio de poder com o lado anti-houthis fragmentado", comentou à AFP Maged al-Madhaji, do instituto Sanaa Center na capital iemenita.
- Qual é a principal batalha? -
Apesar dos contratempos dos últimos meses, os houthis insistem na captura de Marib, a última cidade controlada pelo governo no norte.
Assumir o controle dessa cidade em uma província rica em petróleo fortaleceria sua posição nas negociações de paz com a ONU.
Para Peter Salisbury, analista do International Crisis Group, os houthis "deixaram de ser um movimento rebelde relativamente controlado para se tornar uma autoridade de fato que controla a capital e um território com 20 milhões de habitantes".
Além disso, são experientes em batalhas - com seis guerras contra o governo do Iêmen entre 2004 e 2010 e confrontos transfronteiriços com a Arábia Saudita em 2009 e 2010.
"Enquanto houver batalha por Marib, os combates vão continuar em todo o país", diz Madhaji.
- Qual o papel da ONU? -
O sueco Hans Grundberg assumiu esta semana o cargo de novo enviado da ONU para o Iêmen, depois que seu antecessor Martin Griffiths disse que os esforços dos últimos três anos foram "em vão".
Seu principal desafio será "encontrar uma fórmula para um cessar-fogo que os houthis possam aceitar para iniciar um processo de paz", aponta Elisabeth Kendall, pesquisadora da Universidade de Oxford.
A ONU e os Estados Unidos pressionam pelo fim do conflito, mas os rebeldes pedem a reabertura do aeroporto de Sanaa antes do fim das hostilidades.
As últimas negociações ocorreram na Suécia em 2018. Os dois lados concordaram em uma troca massiva de prisioneiros e evitar confrontos na cidade de Hodeida, cujo porto é uma tábua de salvação para o país.
No entanto, desde então, houve confrontos entre os dois lados naquela cidade.
- A paz é possível? -
A paz no Iêmen é quase uma ilusão.
"Sem um esforço considerável em nível local, nenhum acordo de paz feito em nível internacional será efetivado", diz Kendall.
Madhaji também não vê sinais de otimismo.
"A situação vai piorar este ano e no próximo se nenhum dos lados se sentir mais forte do que o outro. E o lado forte não costuma inclinar-se para a paz", avisa.
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