Dezenas de dirigentes políticos locais de Hong Kong juraram lealdade à China nesta sexta-feira (10/9), depois que centenas de seus colegas renunciaram como forma de protesto contra a determinação das autoridades de retirar da cidade elementos "antipatrióticos".
Os conselheiros distritais são os únicos funcionários que os cidadãos de Hong Kong escolhem por sufrágio universal.
Eles tratam de temas locais como rotas de linhas de ônibus, a coleta de lixo e áreas de lazer, mas também se tornaram um símbolo da demanda dos moradores por mais peso na administração da cidade.
No fim de 2019, após meses de grandes manifestações pró-democracia, candidatos opositores críticos à interferência da China venceram por ampla maioria as eleições locais, derrotando os candidatos pró-governo.
Pequim respondeu com uma linha dura contra a dissidência e uma reforma do sistema político da cidade, que reduz o número de autoridades eleitas diretamente e veta os políticos de acordo com seu "patriotismo".
Nesta sexta-feira (10/9), os primeiros 24 conselheiros juraram lealdade em uma cerimônia a portas fechadas, anunciou o governo.
Este tipo de cerimônia já aconteceu em outros setores, com servidores civis, funcionários do governo e legisladores. Porém, mesmo os que prestam o juramento podem ser desqualificados.
Sob as novas regras impostas este ano por Pequim, um comitê de segurança nacional pode desqualificar qualquer pessoa que seja considerada "anti-China" ou desleal.
"Se tivermos dúvidas sobre o juramento de certos conselheiros ou não pudermos confiar totalmente se juraram lealdade e aliança, damos a oportunidade para que se expliquem", disse a chefe de Governo de Hong Kong, Carrie Lam, esta semana.
"Caso os juramentos sejam invalidados, eles serão desqualificados", completou.
Quase 180 conselheiros distritais devem prestar juramento nas próximas semanas. Quem se negar, perderá a cadeira na administração.
Diante da pressão, a maioria dos conselheiros eleitos optou por renunciar antes de aderir ao processo.
"Querem eliminar o lado pró-democracia em Hong Kong", declarou à AFP a ex-conselheira Debbie Chan, que renunciou em julho.
Após os protestos de 2019, a China impôs uma lei de segurança nacional que criminaliza grande parte da dissidência.
Vários conselheiros distritais foram acusados de crimes de segurança nacional e outros fugiram para o exterior.
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