Direitos

Suprema Corte mexicana declara inconstitucional punir o aborto

Com isso, todos os juízes do México deverão aplicar o critério estabelecido pela decisão da mais alta corte

Agência France Presse
postado em 07/09/2021 20:20
Ativistas católicos antiaborto oram durante um protesto em frente ao prédio da Suprema Corte mexicana na Cidade do México -  (crédito: PEDRO PARDO / AFP)
Ativistas católicos antiaborto oram durante um protesto em frente ao prédio da Suprema Corte mexicana na Cidade do México - (crédito: PEDRO PARDO / AFP)

A Suprema Corte do México declarou nesta terça-feira (7) ser inconstitucional punir o aborto em uma votação unânime considerada histórica, já que abre a porta para que mulheres em todo o país tenham acesso ao procedimento.

"Com este critério unânime, a partir de agora não se poderá, sem violar o critério da corte e da constituição, processar mulher alguma que aborte", declaro o presidente da corte, Arturo Zaldívar.

O plenário da corte debateu nos últimos dois dias um recurso de inconstitucionalidade contra artigos do código penal do estado de Coahuila que puniam com até três anos de prisão as mulheres que abortavam e as pessoas que facilitavam o procedimento.

Estes artigos foram declarados inconstitucionais pelo voto dos 10 magistrados presentes. Com isso, todos os juízes do México deverão aplicar o critério estabelecido pela decisão da mais alta corte.

"É um dia histórico para as mulheres mexicanas e as pessoas gestantes. É um passo a mais na luta histórica pela igualdade e dignidade e pelo pleno exercício de seus direitos", completou Zaldívar.

O presidente do México, Andrés Manuel López Obrador, ao ser questionado pela imprensa durante uma coletiva nesta terça-feira, preferiu não opinar sobre o tema, argumentando que não seria "prudente tomar partido", porque é um "tema polêmico" e melhor deixado para a Suprema Corte resolver.

O México, onde 77% da população é católica, é um país federado onde os estados são autônomos para ditar suas leis, mas estas são invalidadas, por meio de recursos, quando infringem decisões da Suprema Corte que estabelecem jurisprudências como a desta terça-feira.

Uma fonte judicial explicou que esta decisão tem alcance nacional uma vez que permitiria que mulheres residentes em estados onde o aborto é criminalizado o acessassem por ordem de um juiz.

A decisão da Suprema Corte contrasta com a situação no estado americano do Texas, vizinho do México, onde na semana passada entrou em vigor uma lei local que restringe o direito de abortar após seis semanas de gestação.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação