Golpe

Golpistas em Guiné prometem libertar presos políticos

Eles voltaram a insistir, em comunicados transmitidos na televisão e nas redes sociais, sobre a realização em breve de uma "consulta" em nível nacional para definir as modalidades da transição política neste país da África Ocidental

Agência France-Presse
postado em 07/09/2021 12:03
 (crédito: CELLOU BINANI / AFP)
(crédito: CELLOU BINANI / AFP)

Os militares golpistas de Guiné, que no domingo (5) derrubaram o presidente Alpha Condé, prometeram acelerar a libertação dos opositores detidos pelo antigo governo, decisão há muito aguardada por seus apoiadores.

Eles voltaram a insistir, em comunicados transmitidos na televisão e nas redes sociais, sobre a realização em breve de uma "consulta" em nível nacional para definir as modalidades da transição política neste país da África Ocidental, um dos mais pobres do mundo apesar de ser um grande produtor de minerais.

A transição será liderada por um futuro governo de "unidade nacional", anunciou nesta terça-feira (7) no Twitter o líder do "Comitê Nacional para a Unidade e Desenvolvimento" (CNRD), o tenente-coronel Mamady Dumbuya.

Os militares também instruíram o "ministério da Justiça a entrar em contato com o Ministério Público Federal, a administração penitenciária e os advogados para analisar em profundidade os arquivos dos presos políticos para sua libertação o mais rápido possível", segundo um comunicado transmitido pela televisão na noite de segunda-feira.

A Frente Nacional de Defesa da Constituição (FNDC), formada por movimentos políticos e da sociedade civil, que liderou o movimento de protesto contra o polêmico terceiro mandato de Condé, instou os moradores de Conacri a dar as boas-vindas a seus integrantes que deveriam ser libertados a partir de segunda-feira ao meio-dia.

- "Liberdade, liberdade!" -


Mas, apesar de uma manifestação perto da prisão central, ainda não houve libertações.

Os militares impuseram toque de recolher e fecharam as fronteiras, que foram reabertas na segunda-feira.

O aparente epílogo de mais de uma década do regime de Alpha Condé provocou ampla condenação internacional, por parte da União Africana (UA), que na noite de segunda-feira pediu sua "libertação imediata" e "retorno à ordem constitucional", e da Comunidade Econômica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO).

Mas o golpe, depois de meses de crise político-socioeconômica, agravada pela pandemia do coronavírus, desencadeou explosões de alegria em Conacri, com muitos habitantes gritando "liberdade, liberdade!", e aplaudindo os militares.

Uma coalizão de oposição liderada pelo principal rival de Condé, o ex-primeiro-ministro Cellu Dalein Diallo, da Aliança Nacional para a Alternância e a Democracia (ANAD), expressou apoio aos militares "em sua busca pelo estabelecimento de uma democracia pacífica" na Guiné.

Ele exortou o CNRD a criar instituições legítimas capazes de liderar o país, alcançar a reconciliação nacional e impor o Estado de Direito.

Da mesma forma, o partido de Diallo, União das Forças Democráticas da Guiné (UFDG), reabriu sua sede em Conacri na segunda-feira, fechada no dia seguinte à reeleição de Diallo, em outubro de 2020, que rejeitou veementemente.

As forças especiais guineenses afirmam ter detido Condé, suprimido a atual Constituição e dissolvido instituições governamentais, para pôr fim à "bagunça" do governo e à corrupção.

Até agora, nenhuma morte foi oficialmente relatada após o golpe de domingo. As autoridades provisórias procuram tranquilizar os seus parceiros e investidores internacionais, bem como a população guineense.

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