Moda

ONG acusa C&A e Hugo Boss de se beneficiarem do trabalho forçado

Uma ONG alemã anunciou que entrou com uma ação judicial contra empresas que supostamente se beneficiaram do trabalho forçado de membros da comunidade uigur na China

Agence France-Presse
postado em 06/09/2021 16:40 / atualizado em 06/09/2021 16:41

Uma ONG alemã anunciou nesta segunda-feira (6) que entrou com uma ação judicial na Alemanha contra várias empresas, como C&A e Hugo Boss, por supostamente "se beneficiarem" do trabalho forçado de membros da minoria muçulmana uigur na China, uma acusação negada pelas companhias.

O Centro Europeu para Direitos Constitucionais e Direitos Humanos (ECCHR), uma organização não governamental com sede em Berlim, afirmou ter "apresentado uma denúncia contra várias empresas alemãs" por "suposta cumplicidade em crimes contra a humanidade".

Entre elas estão Hugo Boss, C&A, Lidl, Aldi Norte e Aldi Sur. A organização as acusa de "se beneficiarem e serem cúmplices, direta ou indiretamente, do trabalho forçado da minoria uigur em Xinjiang".

Vários países ocidentais acusam a China de prender em massa membros dessa comunidade, em sua maioria muçulmana e de língua turca, em campos de trabalho localizados no oeste do país. Pequim nega o termo "genocídio" e afirma que se tratam de centros de formação profissional.

Muitas fábricas têxteis operam nesta região e, segundo ativistas, são fornecedoras de multinacionais.

A ONG reconhece que é difícil obter provas tangíveis de trabalho forçado entre os fornecedores dessas empresas, mas questiona "se o fato de manter relações comerciais não é uma forma de ajudar e promover esses crimes", disse à AFP a advogada Miriam Saage-Maass, diretora do ECCHR.

Segundo ela, “esses cinco casos são apenas um exemplo de um problema muito mais vasto e sistêmico”.

Em declarações à AFP, a varejista de moda C&A afirmou "não tolerar trabalho forçado (...) em sua cadeia de abastecimento", enquanto a rede de supermercados Aldi garantiu ter "estabelecido normas vinculantes para todos os seus parceiros comerciais" para evitar esses problemas.

A grife Hugo Boss lembrou que “pediu há meses a seus fornecedores que se informem e confirmem que a produção de bens na cadeia de abastecimento é realizada de acordo com (...) os direitos humanos”.

Por sua vez, a rede de supermercados Lidl disse à AFP que a denúncia da ONG se baseia em "listas antigas de fornecedores".

Na França, a associação anticorrupção Sherpa apresentou uma acusação semelhante em abril contra quatro multinacionais de vestuário, incluindo Uniqlo e Zara.


 


© Agence France-Presse

 

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