O governo do Catar está negociando com os talibãs para reabrir o aeroporto de Cabul "o mais rápido possível", embora nenhum acordo tenha sido alcançado sobre o tema, afirmou nesta quinta-feira (2) o ministro das Relações Exteriores, Mohamed bin Abdelrahman al-Thani.
Depois de ser o primeiro país a pousar um avião, na quarta-feira, no aeroporto Cabul, menos de 48 horas depois da retirada das forças americanas da capital afegã, o Catar confirmou que trabalha para retomar as operações no local.
"Confiamos em poder fazer com que (o aeroporto) opere o quanto antes, com sorte nos próximos dias receberemos boas notícias", disse o ministro cataria em uma entrevista coletiva em Doha.
Doha enviou na quarta-feira um Boeing C-17A Globemaster a Cabul com uma equipe técnica. O objetivo é ter pessoas capazes de administrar o aeroporto, pois os talibãs não têm condições de fazer isto por conta própria.
"Não há informações sobre a data em que poderia estar operacional, mas trabalhamos duro", completou o ministro, antes de afirmar que "ainda não há acordo".
Uma fonte da aviação civil afegã declarou ao canal Al Jazeera que o Catar começaria em breve a operar o aeroporto. "Os voos domésticos devem começar amanhã, mas os voos internacionais vão demorar mais tempo".
O Catar desempenhou um papel de mediador no processo de paz entre o governo afegão e os talibãs, antes que o grupo fundamentalista tomasse o poder no Afeganistão em 15 agosto. Doha mantém desde então um vínculo privilegiado com o novo regime islamita instalado em Cabul.
A reabertura do aeroporto é um tema abordado de forma mais ou menos direta por todos os interlocutores que o Catar recebeu esta semana, como os ministros das Relações Exteriores da Alemanha e Holanda.
"É muito importante que os talibãs mostrem o compromisso para fornecer uma via segura (para a saída do país) e para (garantir) a liberdade de movimento para o povo afegão", disse Mohamed bin Abdelrahman al Thani.
O aeroporto internacional fica a apenas cinco quilômetros do centro de Cabul e tem apenas uma pista de decolagem, o que obriga os aviões a dar voltas sobre a cidade até a liberação do local.
A situação deixa o terminal vulnerável aos ataques com foguetes e outros tipos de atentados, como o executado pelo grupo Estado Islâmico de Khorasan (EI-K) em 26 de agosto, quando um homem-bomba matou mais de 100 pessoas (incluindo 13 soldados americanos).
O braço local do EI tem péssimas relações com o Talibã e a direção do grupo afirmou que vai prosseguir com os combates.
Em seu retorno ao poder 20 anos depois da expulsão por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, o Talibã tem o desafio de governar o país, o que inclui a gestão das infraestruturas básicas.
Por medo de represálias, muitos afegãos tentam fugir do país. Entre 14 de agosto e a retirada total das tropas dos Estados Unidos, no dia 31 do mesmo mês, mais de 123.000 estrangeiros e afegãos foram retirados do país, mas ainda há milhares de pessoas que aguardam, desesperadas, uma oportunidade para escapar.
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