Quase metade da população mundial vive sem nenhuma proteção social, embora a pandemia de covid-19 tenha obrigado os governos a dar mais amparo às pessoas, afirmou nesta quarta-feira (1) a Organização Internacional do Trabalho (OIT).
De acordo com o primeiro relatório da OIT desde 2017 sobre o estado da proteção social no mundo, 4,1 bilhões de pessoas continuam completamente sem estes serviços.
A proteção social inclui o acesso à saúde, o apoio financeiro durante a aposentadoria e, em caso de desemprego, doença, deficiência, acidentes de trabalho, licença-maternidade, etc.
Em 2020, apenas 46,9% da população mundial recebia ao menos uma parcela de proteção social, enquanto 53,1% não contava com nenhuma garantia de renda por parte de seu sistema nacional de previdência social.
Os percentuais globais escondem importantes disparidades entre as regiões e dentro delas: enquanto a cobertura está acima da média mundial na Europa e Ásia central (83,9%) assim como na América (64,3%), está abaixo na Ásia e Pacífico (44,1%), nos Estados Árabes (40%) e África (17,4%).
O gasto público em proteção social também varia consideravelmente. Na média, os países destinam 12,8% do Produto Interno Bruto (PIB), enquanto as nações de alta renda dedicam 16,4% de seu PIB e os de baixa renda apenas 1,1%.
"Lampejos de otimismo"
A pandemia permitiu fazer uma "radiografia" das desigualdades no mundo, mas também "revelou o papel absolutamente crucial que a proteção social teve na resposta" dos governos à crise, afirmou o diretor geral da OIT, Guy Ryder, na apresentação do relatório.
Embora em níveis diferentes, muitos países adotaram medidas de proteção em uma escala sem precedentes para enfrentar a crise de saúde. "Há lampejos de otimismo em meio à devastação causada pela pandemia", disse Ryder no relatório.
"Os países estão em uma encruzilhada. Este é o momento crítico para utilizar a resposta à pandemia para construir uma nova geração de sistemas de direitos de proteção social", advertiu.
A OIT pediu aos governantes mundiais que prossigam com os esforços implementados durante a pandemia, apesar da enorme pressão financeira que isto representa.
Embora a pandemia tenha estimulado os países a investir nestes serviços, a covid-19 - que paralisou a economia mundial durante um tempo - também pode bloquear os avanços na redução da pobreza.
O déficit de financiamento - gasto adicional necessário para proporcionar ao menos um nível mínimo de proteção social para todos - aumentou quase 30% desde o início da crise sanitária, devido ao aumento da necessidade de serviços de saúde, de medidas para compensar a renda e a queda do PIB provocada pela crise.
Para garantir ao menos uma cobertura básica, os países de baixa renda teriam que investir 77,9 bilhões de dólares adicionais ao ano, os países de renda média baixa 362,9 bilhões de dólares adicionais e os países de renda média alta 750,8 bilhões de dólares a mais. Isto equivale a 15,9%, 5,1% e 3,1% de seu PIB respectivamente, segundo a OIT.
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