O líder supremo do Irã, o aiatolá Ali Khamenei, acusou neste sábado (28) o presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, de fazer as mesmas demandas nas negociações para reativar o acordo nuclear que seu antecessor, Donald Trump.
"A atual administração dos Estados Unidos não é diferente da anterior porque, embora utilize outras palavras sobre a questão nuclear, exige do Irã o mesmo que Trump", afirmou Khamenei, segundo o seu site oficial.
O aiatolá Khamenei fez a declaração enquanto os países ocidentais, assim como Rússia e China, esperam desde o fim de junho um sinal de vontade do Irã de retomar as negociações iniciadas em Viena em abril para tentar salvar o acordo internacional sobre o programa nuclear iraniano, que foi abandonado de maneira unilateral há três anos pela administração Trump.
"Sobre a questão nuclear, os americanos não têm vergonha: enquanto eles se retiraram (do acordo de Viena) diante dos olhos do mundo inteiro, eles falam agora e fazem exigências como se a República Islâmica fosse o país que se retirou", afirmou Khamenei.
Um ano depois da decisão de Trump de abandonar o acordo e voltar a impor sanções ao Irã, Teerã adotou represálias e renunciou gradualmente à maioria dos compromissos nucleares que havia aceitado com base no pacto.
Entre abril e junho Viena foi cenário de seis rodadas de negociações nucleares entre o Irã e as potências mundiais, com a participação indireta dos Estados Unidos.
A última terminou em 20 de junho, sem o anúncio de uma nova data para outro encontro.
O líder iraniano fez a declaração durante uma reunião com o novo Executivo do presidente Ebrahim Raisi, a quem pediu que restaure a confiança abalada do povo no governo.
A confiança do povo é o "maior capital" que um governo tem, mas "infelizmente ficou um pouco danificada e você deve restaurá-la", afirmou Khamenei a Raisi durante o encontro, segundo trechos divulgados de seu discurso.
Ele disse que a forma de fazer isto é "que as palavras e ações dos funcionários se tornem apenas uma" e que as promessas feitas sejam cumpridas.
Nos últimos anos, o país foi cenário de protestos contra as condições de vida e a precária situação econômica, ainda mais abalada pelas sanções de Washington.
As últimas manifestações aconteceram em julho na região sudoeste, contra a escassez de água. A imprensa iraniana informou que pelo menos quatro pessoas morreram nos protestos.
Grupos de defesa dos direitos humanos fora do Irã acusaram as autoridades de Teerã de usar a força contra os manifestantes.