Dois atentados a bomba foram registrados nesta quinta-feira (26/8) no aeroporto de Cabul, que se tornou o local mais visível do drama dos afegãos e estrangeiros que tentam fugir do país após a volta do Talebã ao poder central. Até esta tarde (em Brasília), acredita-se que haja ao menos dez mortes por conta das explosões.
Elas ocorreram nos arredores do chamado Abbey Gate, espaço que era ocupado por tropas britânicas e americanas e que agora abriga pessoas tentando embarcar em voos para fora do país, e em um hotel ali perto.
O Departamento de Defesa dos EUA afirmou que houve vítimas americanas e civis no ataque descrito como "complexo".
Já havia inteligência indicando que ataques suicidas de extremistas no aeroporto, por conta da visibilidade do local, e enquanto países tentam evacuar o máximo possível de pessoas até o dia 31 de agosto, prazo determinado para a retirada total dos EUA do país asiático.
À BBC, o ministro das Forças Armadas britânicas James Heappey havia dito que a ameaça ao local era "grave" e poderia ser "iminente". Por conta disso, os EUA haviam advertido americanos no Afeganistão que não se aglomerassem no aeroporto.
Analistas acreditam que um possível autor dos ataques desta quarta seja o chamado Isis-K, filial afegã do grupo autodenominado Estado Islâmico - e rival do Talebã.
Um porta-voz do Talebã, por sua vez, condenou as explosões "alvejando civis" e afirmou que elas "ocorreram em uma área em que as tropas americanas eram responsáveis pela segurança".
Atentados devem continuar
E - no que eleva ainda mais as tensões - é pouco provável que este seja o último atentado, afirma Mike Jason, ex-comandante militar dos EUA que atuou no Afeganistão.
"Os alvos (como o aeroporto) são muito lucrativos e simbólicos" para militantes radicais que queiram dificultar a evacuação de pessoas, afirmou Jason.
"Eles (militantes) têm os recursos, têm o alcance e têm os alvos - as multidões de pessoas indefesas que estão desesperadas (para deixar o país)."
De fato, como confirmou o repórter da BBC News em Cabul, Secunder Kermani, o aeroporto tem atraído grandes multidões apesar dos alertas prévios de perigo de atentado:
"As pessoas estão em tal estado de desespero que que não vão prestar atenção a esse tipo de informação (sobre riscos de atentados). Estão ouvindo todo tipo de rumores e só o que querem é deixar o país. Muitos acamparam durante dias em condições extremas (no aeroporto)."
Ao mesmo tempo, uma grande multidão tenta escapar do Afeganistão pela fronteira com o Paquistão.
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