A operadora da central nuclear acidentada de Fukushima Daiichi (nordeste do Japão) anunciou, nesta quarta-feira (25/8), que planeja descarregar no oceano mais de um milhão de toneladas de água armazenada ali, por meio de um túnel submerso.
Em abril deste ano, o governo japonês decidiu descarregar no mar, a partir de 2023, estas águas resultantes de chuva, origem subterrânea, ou que foi injetada para resfriar os núcleos dos reatores nucleares fundidos após o gigantesco tsunami de 11 de março de 2011.
Com isso, o Japão colocou um ponto final em sete anos de debates sobre como se desfazer desse 1,27 milhão de toneladas de água contaminada, armazenada em mais de mil cisternas na usina acidentada. O governo prometeu que, antes, será reciclada, e que serão tomadas as medidas adequadas para evitar que isso afete o "prestígio" da região.
A água que deve ser descarregada nesta operação já foi filtrada várias vezes para ficar livre da maior parte das substâncias radioativas (radionuclídeos), mas não do trítio (isótopo do hidrogênio que é radiativo). As técnicas disponíveis atualmente não permitem a eliminação deste último elemento.
Esta solução foi muito questionada, tanto pelos pescadores quanto pelos agricultores de Fukushima, que temem que isso afete ainda mais a imagem de seus produtos entre os consumidores.
A água será bombeada por meio de um duto submarino de 2,5 metros de diâmetro, o qual penetrará quase 1 quilômetro no oceano, anunciou nesta quarta-feira a Tepco, empresa operadora da usina. De acordo com a empresa, a construção deste "túnel" começará em março de 2022.
O recurso a esse dispositivo evitaria o retorno da água descarregada para a costa, afirmou o diretor da filial da Tepco encarregada do desmantelamento da usina, Akira Ono.
Em um comunicado à imprensa, a Tepco afirmou que está disposta a pagar indenizações por eventuais efeitos provocados pelo bombeamento de água para o oceano.