Após 40 anos de conflitos, o Iraque busca agora assumir um papel de mediador na reunião de cúpula que acontecerá no sábado (28/8) em Bagdá, com o objetivo de "apaziguar" as tensões regionais, especialmente entre Irã e Arábia Saudita.
Depois do Iraque do ditador Sadam Husein, que inspirava "medo e desprezo", também teve fim a era do "Estado (...) pisoteado pelos seus vizinhos" após a invasão por parte dos Estados Unidos e seus aliados em 2003, de acordo com o cientista político iraquiano Marsin Alshamary.
No entorno do primeiro-ministro Mustafa al Kazimi afirma-se que o Iraque busca reivindicar um papel de "unificador para apaziguar as crises que abalam a região".
No entanto, a reunião também é um grande desafio para este país sobre o qual o Irã exerce grande domínio e cujo Estado ainda parece impotente para satisfazer as expectativas e necessidades de sua própria população em questão de emprego, serviços básicos, inclusive em relação à impunidade.
O presidente francês Emmanuel Macron, que será a única autoridade de fora da região na reunião, é um dos poucos que já confirmou sua participação, assim como seu colega egípcio Abdel Fatah al Sissi e o rei Abdullah II da Jordânia.
Os presidentes turco, iraniano e o rei da Arábia Saudita também foram convidados, mas, de acordo com fontes iraquianas, eles ainda não responderam se estarão presentes na cúpula.
"Força mediadora"
A presença dos rivais iranianos e sauditas nesta cúpula seria um destaque e poderia ajudar a consolidar Bagdá em uma posição de "força mediadora", explica o pesquisador Renad Mansour, analista de Chatham House, com sede em Londres.
Nos últimos meses, Bagdá já foi sede de reuniões a portas fechadas entre delegados das duas potências regionais. Agora, de acordo com Mansour, o objetivo iraquiano é evoluir de uma posição de simples "mensageiro" para a de "líder" nas negociações entre esses dois países, que romperam relações em 2016.
No entanto, até agora os organizadores iraquianos mantêm em segredo a agenda da cúpula.
Sem dúvida, o Iraque também tem a intenção de discutir a influência iraniana em seu território. Uma presença criticada por parte de sua população e que poderia prejudicar as pretensões de Bagdá para se impor como mediador 'um tanto neutro' entre Teerã e Riade.
"O Iraque busca recuperar o controle de seu itinerário e, acima de tudo, não quer mais sofrer os efeitos das tensões regionais em seu território", afirma um observador estrangeiro, que acompanha de perto os desdobramentos deste evento e pediu para permanecer anônimo.
Resumindo: a questão iraniana e, além disso, a soberania iraquiana devem ser discutidas na cúpula de sábado.