O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse, ontem, que espera concluir a retirada das tropas americanas do Afeganistão até dia 31, mas deixou a porta aberta para prorrogar esse prazo se necessário. Ao falar na Casa Branca sobre a operação, o chefe do Executivo enfatizou que sua “esperança” é de não ser preciso adiar essa data. “Veremos o que podemos fazer”, disse, ao ser perguntado por jornalistas qual era a sua resposta para os líderes estrangeiros que pedem mais tempo.
O chefe da diplomacia europeia, Josep Borrell, considerou “impossível” evacuar todos os colaboradores afegãos das potências ocidentais antes do fim de agosto. Organizações de defesa dos direitos humanos também pediram prorrogação do prazo para as retiradas do Afeganistão.
Quase 30 mil pessoas foram evacuadas desde 14 de agosto, disse o presidente dos EUA, ontem. “É uma operação incrível. Estamos trabalhando duro e o mais rapidamente possível para retirar as pessoas.”
De acordo com ele, a operação teria sido “difícil e dolorosa” mesmo se tivesse sido iniciada um mês antes. “Fizemos uma série de mudanças, incluindo a ampliação do acesso ao aeroporto e à zona de segurança”, informou Biden, sem dar detalhes.
O Pentágono recrutou, ontem, várias das principais companhias aéreas comerciais americanas em sua caótica evacuação de dezenas de milhares de afegãos e estrangeiros de Cabul após sua queda nas mãos dos extremistas talibãs.
O órgão disse que o secretário da Defesa, Lloyd Austin, ativou a raramente usada Frota Aérea de Reserva Civil (Craf) para ajudar no traslado de pessoas que chegam às bases americanas no Oriente Médio. “Vamos fazer tudo o que for possível para que todos, todos os cidadãos americanos que desejem sair, saiam”, disse Austin, acrescentando que o mesmo se aplica para os aliados afegãos dos EUA.
Dezoito aviões civis da American Airlines, Atlas, Delta, Omni, Hawaiian e United vão ajudar às dezenas de aviões de carga militares que participam da evacuação.
Em vez de entrar e sair da capital, os aviões vão transportar as pessoas das bases americanas no Catar, Bahrein e nos Emirados Árabes Unidos até os países europeus e, em muitos casos, até a América.
Cerca de 15 mil americanos devem ser retirados do Afeganistão, segundo o presidente Joe Biden, que afirma que seu governo quer retirar do país ao menos 50 mil aliados afegãos e seus familiares.
Há denúncias de que os talibãs intimidaram e agrediram pessoas que tentavam chegar ao aeroporto, Austin disse que esses militantes deixaram passar com segurança quem tinha passaporte americano.
Entre os já retirados estava uma afegã grávida que deu à luz em um avião quando estava prestes a pousar em uma base militar na Alemanha. Mãe e filho passam bem.
O Reino Unido informou, ontem, que sete afegãos morreram perto do aeroporto de Cabul.
Talibãs culpam os EUA
Os talibãs responsabilizaram os Estados Unidos pelo caos no aeroporto de Cabul, onde milhares de afegãos tentam desesperadamente pegar um avião e fugir do país, arriscando suas vidas.
Para “garantir evacuações seguras e evitar uma crise humanitária”, os líderes do G7 vão participar de reunião virtual, amanhã, anunciou o primeiro-ministro britânico Boris Johnson, que atualmente preside o grupo.