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Refugiadas rohingyas de Mianmar depõem na justiça argentina

Seis mulheres de Mianmar, refugiadas em Bangladesh participaram de uma audiência virtual da Câmara de Apelações de Buenos Aires.

Seis mulheres rohingyas de Mianmar, refugiadas em Bangladesh, participaram nesta terça-feira (17) de uma audiência virtual da Câmara de Apelações de Buenos Aires, que deve decidir se a justiça argentina se ocupará de suas denúncias contra dirigentes birmaneses por crimes de guerra, informou seu advogado.


"A audiência atendeu nossas expectativas. Me foi dado o tempo para fazer a defesa legal da apelação e depois a Corte decidiu, para esclarecer mais o caso, escutar o que tinham a dizer tanto (o ativista rohingya) Tun Khyn quanto as mulheres", disse o advogado Tomás Ojea à AFP.


O caso tinha sido acolhido no fim de 2019 pelos tribunais argentinos atendendo ao princípio da jurisdição universal, mas a denúncia foi indeferida há um mês.


A Câmara de Apelações vai anunciar sua decisão sobre se vai ou não dar prosseguimento ao caso em no máximo cinco dias.


A identidade das seis mulheres é mantida sob sigilo. Na audiência desta terça, apenas uma delas falou aos juízes, por meio de tradutores.


"Elas puderam ver a face da justiça, ficar frente à frente e ver uma possibilidade, uma perspectiva de justiça. Isso foi muito importante para elas e para Tun Khyn (da Burmese Rohingya Organisation UK)", avaliou Ojea.


"Esperamos que também (seja relevante) para os juízes, que eles também vejam diretamente a face dos que sofreram este genocídio", disse Ojea, que foi relator especial da ONU para os direitos humanos em Mianmar.


A justiça argentina já aceitou outros casos em atenção à jurisdição internacional, particularmente por crimes cometidos durante a ditadura franquista na Espanha.


"A comunidade internacional deve apoiar os esforços em busca de justiça, pois as autoridades birmanesas não têm nem o desejo, nem a capacidade de investigar a si mesmas, especialmente após o golpe de Estado", afirmou Tun Khyn em declaração de Londres.


Cerca de 750.000 rohingyas fugiram do estado birmanês de Rakain (oeste) em agosto de 2017, após uma operação repressiva do exército daquele país de maioria budista, denunciado por assassinatos e violações contra esta minoria.


Famílias inteiras se reuniram em condições precárias aos 200.000 refugiados vítimas de perseguições já instalados em acampamentos do outro lado da fronteira, em Bangladesh.


A Corte Internacional de Justiça e o Tribunal Penal Internacional também investigam os dirigentes birmaneses por violações aos direitos humanos dos rohingyas.

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© Agence France-Presse