Conflitos

Quase duas décadas de intervenção dos Estados Unidos no Afeganistão

A segurança no Afeganistão volta a piorar com a nova expansão da insurgência talibã e o surgimento do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no início de 2015

Os talibãs, expulsos do poder em 2001 por uma coalizão internacional liderada pelos Estados Unidos, voltam a controlar o Afeganistão após uma ofensiva executada em tempo recorde.

"Liberdade duradoura"


O presidente George W. Bush inicia a operação "Liberdade Duradoura" em 7 de outubro de 2001, após os ataques de 11 de setembro que mataram quase 3.000 pessoas nos Estados Unidos.

O regime islamita talibã, que estava no poder desde 1996, dava refúgio ao iemenita Osama Bin Laden, líder da Al-Qaeda, e se negava a entregá-lo a Washington.

A coalizão internacional derrota os talibãs, que se rendem em 6 de dezembro. Washington instala um governo interino presidido por Hamid Karzai, que em outubro de 2004 venceu as primeiras eleições presidenciais da por sufrágio universal direto da história do país.

A Otan mobiliza uma força militar no país ao lado das tropas americanas.

Guerra esquecida


A atenção americana muda do Afeganistão para a próxima aventura militar, a invasão do Iraque em 2003 para derrubar o ditador Saddam Hussein, acusado de ter armas de destruição em massa.

Os talibãs e outras facções islamistas se reagrupam no sul e leste do Afeganistão, de onde conseguem viajar para zonas tribais do Paquistão, e começam um movimento de insurgência.

O comando militar americano pede reforços em 2008. O presidente Bush aprova o envio de 48.500 soldados adicionais

Pico de 100.000 tropas


Em 2009, Barack Obama - eleito presidente com a promessa de acabar com as guerras no Iraque e Afeganistão - aumenta a mobilização de tropas.

O objetivo é sufocar a insurgência talibã e fortalecer as instituições afegãs. Em meados de 2011, mais de 150.000 soldados estrangeiros estavam no território afegão, incluindo 100.000 americanos.

Bin Laden morre em 2 de maio de 2011 em uma operação das forças especiais americanas no Paquistão.

Fim das operações de combate


Em junho de 2014 Ashraf Ghani é eleito presidente do Afeganistão em meio a acusações de fraude.

A Otan anuncia em 31 de dezembro de 2014 o fim de sua missão de combate no Afeganistão.

Mas de acordo com pactos assinados meses antes, 12.500 soldados estrangeiros - 9.800 americanos - permanecem no Afeganistão para treinar as tropas afegãs e efetuar operações antiterroristas pontuais.

A segurança no Afeganistão volta a piorar com a nova expansão da insurgência talibã e o surgimento do grupo extremista Estado Islâmico (EI) no início de 2015.

Reforços americanos 


Em 2017, o então presidente americano Donald Trump cancela o calendário de retirada de tropas e volta a enviar milhares de soldados.

Os ataques contra as forças afegãs aumentam e as tropas americanas respondem com a intensificação dos ataques aéreos.

Os soldados dos Estados Unidos utilizam sua bomba convencional mais potente para destruir uma rede de túneis e cavernas do Estado Islâmico (EI) no leste do país, matando a 96 extremistas.

Novas eleições polêmicas


Em 18 de fevereiro de 2020, Ashraf Ghani foi declarado vencedor das eleições presidenciais de setembro de 2019, com 50,64% dos votos no primeiro turno, um pleito marcado por elevada abstenção e suspeita de fraude.

Seu principal rival, Abdullah Abdullah, também reivindica a vitória. Em maio, os dois homens assinam um acordo para a divisão do poder: Ghani conserva a presidência, Abdullah comanda as negociações de paz com os talibãs.

Acordo histórico


Os talibãs e o governo dos Estados Unidos assinam em 29 de fevereiro de 2020 um acordo histórico em Doha. O pacto prevê uma retirada completa das tropas estrangeiras até maio de 2021 e os talibãs se comprometem a negociar com o governo afegão e a reduzir os atos violentos.

Em 12 de setembro começam as primeiras negociações de paz diretas entre os insurgentes e Cabul, mas a violência prossegue e os atentados aumentam contra jornalistas, juízes, médicos e integrantes da sociedade civil.

Retirada das tropas

Em 1º de maio começa de maneira oficial a saída dos últimos 2.500 soldados americanos e 7.000 da Otan.

Os combates explodem entre talibãs e o exército afegão no sul. Na região norte, os insurgentes conquistam o distrito de Burka, província de Baghlan.

Em meados de maio, as tropas americanas se retiram da base área de Kandahar.

Em 2 de julho, as tropas da Otan e dos Estados Unidos deixam a base aérea de Bagram, a maior do Afeganistão.

Em 8 de julho, o presidente Joe Biden anuncia que a retirada das tropas será concluída em 31 de agosto.

O avanço 


Em 6 de agosto, os talibãs conquistam sua primeira capital provincial, Zaranj (sudoeste), e no dia 8 Kunduz, a grande cidade do norte do país.

Em 12 de agosto, Washington e Londres anunciam o envio de milhares de soldados a Cabul para retirar seus cidadãos.

Um dia depois, os talibãs assumem o controle de Pul-i-Alam (capital da província de Logar), a apenas 50 km ao sul de Cabul, depois da conquista de Lashkar Gah (Helmand) e Kandahar, a segunda maior cidade do país.

No dia 14, os insurgentes controlam Mazar-i-Sharif, a última cidade importante do norte que ainda estava sob controle do governo.

A queda de Cabul


Em 15 de agosto, os talibãs assumem o controle de Cabul e entram sem violência no palácio presidencial após a fuga do presidente Ghani.

A queda de Cabul provoca pânico na capital. Milhares de pessoas correm para o aeroporto, com a esperança de fugir, enquanto os países ocidentais organizam a retirada de seus cidadãos e de pessoas sob sua proteção.

Em 16 de agosto, durante a madrugada, funcionários retiraram a bandeira dos Estados Unidos de sua embaixada em Cabul.

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