Um terremoto de magnitude 7,2 na escala Richter atingiu o Haiti ontem, deixando, pelo menos, 304 mortos e diversos danos a propriedades na região que ainda se recupera dos devastadores tremores ocorridos em 2010. Os Estados Unidos anunciaram o envio de ajuda para os haitianos, que sofrem uma crise social e política agravada pela pandemia da covid-19. Enquanto o auxílio não chega, as equipes de resgate correm contra o tempo, já que especialistas preveem, para amanhã, a chegada da tempestade tropical Grace ao país caribenho.
Os tremores que obrigaram a população do Haiti a procurar abrigo ocorreram por volta das 8h30 (9h30 no horário de Brasília), a 12 quilômetros da cidade de São Luís do Sul, próxima à capital haitiana, Porto Príncipe, de acordo com dados do Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).
A agência de Proteção Civil do país caribenho divulgou que 227 mortes haviam sido registradas, dos quais 158 no sul do país. Há, também, centenas de feridos e desaparecidos, segundo afirmou o órgão. As autoridades locais informaram que óbitos foram registrados no departamento de Grand-Anse; na cidade de Les Cayes, onde um hotel de vários andares desabou; e no departamento de Nippes, onde ocorreu o epicentro do terremoto. Na cidade de Jeremie, no extremo oriente do Haiti, que é composta, principalmente, por residências e edifícios de um andar, foram registrados danos graves.
Hospitais nas regiões mais afetadas se encontram em dificuldade para prover ajuda de emergência. Pelo menos três centros de saúde nas cidades de Pestel, Corailles e Roseaux estão lotados de pacientes, segundo Jerry Chandler, diretor da Proteção Civil.
Christella Saint-Hilaire, que vive perto do epicentro, disse à Agência France-Presse (AFP) de notícias que muitas casas estão destruídas e que outros abalos seguem acontecendo. Em vídeos compartilhados on-line, os residentes filmaram as ruínas de vários edifícios de concreto, incluindo uma igreja em que uma cerimônia, aparentemente, estava acontecendo na manhã de ontem, na cidade de Les Anglais, a 200 quilômetros a sudoeste de Porto Príncipe. “As casas e os muros que as cercam desabaram. O telhado da catedral caiu”, detalhou Job Joseph, residente da cidade de Jeremie, no extremo oriente do Haiti.
Efeitos e solidariedade
O forte terremoto foi sentido em grande parte do Caribe, inclusive em Santiago de Cuba, onde muitos residentes deixaram suas casas por precaução, segundo informou a rádio local Rebelde. Os habitantes da região compartilharam imagens nas redes sociais que mostram os esforços para retirar as pessoas dos escombros dos edifícios que desmoronaram, enquanto várias pessoas gritavam na tentativa de encontrar um lugar seguro fora de suas casas. “Estou mobilizando todos os recursos de minha administração para ajudar as vítimas”, escreveu, no Twitter, o primeiro-ministro do país, Ariel Henry, ao mesmo tempo em que pediu a união da nação.
O USGS emitiu, inicialmente, um alerta de tsunami, prevendo possíveis ondas de até três metros ao longo da costa do Haiti, mas logo suspendeu o aviso. Ainda assim, a situação pode se agravar, já que a Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA, da sigla em inglês) prevê que a rota da tempestade tropical Grace passe pelo leste da ilha e há alerta de fortes ventos e chuvas para o Haiti.
O terremoto ocorreu pouco mais de um mês depois de o presidente Jovenel Moise ter sido assassinado em sua casa por um comando armado, chocando um país que já lutava contra a pobreza, o aumento da violência de gangues e a pandemia.
Logo após o país caribenho ter declarado estado de emergência em resposta à catástrofe, o presidente americano, Joe Biden, aprovou uma ajuda “imediata” para o Haiti, declarou, à imprensa, um funcionário da Casa Branca. Outros líderes de estado também se manifestaram sobre o ocorrido. “Minha solidariedade e de todo o povo espanhol com o Haiti pelo grave terremoto que sofreu. Podem contar com o apoio da Espanha para seguir em frente após este terrível acontecimento”, declarou o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Twitter.