Ghani afirmou que a remobilização das forças armadas é uma "prioridade máxima" e que está mantendo conversas com líderes locais e parceiros internacionais sobre os acontecimentos no país.
"Como seu presidente, meu foco é evitar mais instabilidade, violência e deslocamento de meu povo", disse ele.
"Na situação atual, a remobilização de nossas forças de segurança e defesa é nossa principal prioridade e medidas sérias estão sendo tomadas nesse sentido", acrescentou.
Ghani disse que não permitiria que uma guerra "imposta" às pessoas "causasse mais mortes" e elogiou as "corajosas" forças de segurança que vêm tentando defender as cidades do Talebã.
A declaração foi feita em meio a especulações de que Ghani estava prestes a anunciar sua renúncia, o que, por enquanto, não aconteceu.
O secretário-geral da ONU, António Guterres, disse que a situação no Afeganistão está saindo do controle e que os civis pagariam o preço mais alto se o conflito continuasse.
A ofensiva do Talebã ocorre em meio à retirada das tropas americanas e estrangeiras, após 20 anos de operações militares. Mais de mil civis morreram no Afeganistão apenas no mês passado, de acordo com as Nações Unidas.
Na sexta-feira (13/8), o Talebã conquistou a segunda maior cidade do país, Kandahar, a mais recente capital de província a cair.
A cidade de 600 mil habitantes no sul já foi um reduto do grupo extremista e é estrategicamente importante devido ao seu aeroporto internacional e à produção agrícola e industrial.
O Talebã também retomou o controle da cidade vizinha de Lashkar Gah e agora passa a dominar cerca de metade das capitais regionais do Afeganistão.
A última avaliação da inteligência dos Estados Unidos aponta que o grupo extremista pode tentar avançar sobre Cabul em 30 dias.
A última vez que o Talebã assumiu o controle de Cabul foi em 1996. Isso aconteceu depois de quatro anos de guerra civil no Afeganistão.
Os insurgentes tomaram o controle da cidade, hasteando bandeiras do grupo extremista em prédios do governo.
Uma de suas primeiras ações foi executar o ex-presidente Mohammad Najibullah.
Najibullah, que vivia sob custódia no complexo da ONU em Cabul, foi sequestrado e torturado até a morte.
Seu corpo foi arrastado por um caminhão pelas ruas da capital afegã e, no dia seguinte, pendurado em um semáforo do lado de fora do palácio presidencial para mostrar ao público que uma nova era havia começado.
Sob o governo dos insurgentes, as mulheres foram proibidas de trabalhar e as meninas desautorizadas a frequentar a escola. As mulheres também tinham que cobrir o rosto e ser acompanhadas por um parente do sexo masculino fora de casa.
Punições como apedrejamento até a morte e amputações foram introduzidas.
Devido à mais recente ofensiva do Talebã, milhares de afegãos tiveram que fugir de suas casas — muitos deles com destino a Cabul, o último refúgio.
A ONU pediu aos países vizinhos do Afeganistão que mantenham suas fronteiras abertas à medida que aumenta o número de civis que busca abrigo fora do território.
A escassez de alimentos é "grave", informaram funcionários do Programa Mundial de Alimentos (PMA) da ONU, alertando sobre uma catástrofe humanitária.
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