Afeganistão

Otan promete apoiar o governo afegão 'o quanto puder'

A retirada do país esteve no centro das discussões, com as opções e adaptações militares exigidas para poder realizar essas retiradas, disse uma das fontes diplomáticas.

A Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) vai apoiar o governo afegão "o quanto puder" e "adaptará" sua presença diplomática, anunciou nesta sexta-feira (13) seu secretário-geral Jens Stoltenberg, no fim de uma reunião com os embaixadores da Aliança em Bruxelas após a decisão dos Estados Unidos e Reino Unido de evacuarem seus cidadãos.

"Nosso objetivo continua sendo apoiar o governo afegão e as forças de segurança o quanto pudermos. A segurança da nossa equipe é primordial. Manteremos nossa presença diplomática em Cabul e continuaremos nos adaptando ao que for necessário", afirmou Stoltenberg em nota divulgada após o encontro.

A reunião foi convocada por Jens Stoltenberg após a decisão dos Estados Unidos de retirarem seus diplomatas e cidadãos do Afeganistão.

A retirada do país esteve no centro das discussões, com as opções e adaptações militares exigidas para poder realizar essas retiradas, disse uma das fontes diplomáticas.

No entanto, nenhuma decisão foi tomada durante o encontro. As discussões sobre a situação foram "realistas" e, com elas, o secretário-geral buscava evitar espalhar o sentimento de "salve-se quem puder", comentou um dos participantes.

"Os aliados da Otan estão muito preocupados com os altos níveis de violência provocados pela ofensiva dos talibãs, especialmente os ataques contra civis, os assassinatos e as informações sobre outros graves ataques aos direitos humanos", destacou Stoltenberg na nota.

"Os talibãs devem entender que não serão reconhecidos pela comunidade internacional se tomarem o país à força. Permanecemos comprometidos em apoiar uma solução política para o conflito", acrescentou Stoltenberg em sua declaração.

"Vietnã em todos seus aspectos"

"É o Vietnã em todos os seus aspectos", disse à AFP o representante de um país-membro, referindo-se à queda de Saigon em 1975. "A situação é catastrófica", comentou outro diplomata.

Nove países da União Europeia (UE) membros da Otan e a representação da UE mantiveram suas embaixadas, informou uma fonte europeia.

Na quinta-feira, Washington anunciou o envio de milhares de soldados a Cabul para retirar diplomatas e cidadãos americanos, diante do rápido avanço dos talibãs para a capital afegã, enquanto o Reino Unido planeja enviar 600 militares.

"Também se trata de garantir a segurança do aeroporto internacional de Cabul", afirmou um diplomata, acrescentando que a Turquia se ofereceu para isso. A Noruega, por sua vez, se encarregará de garantir o funcionamento do hospital central de Cabul, de acordo com a mesma fonte.

Cada membro da Aliança planejou a retirada de sua equipe diplomática e de seus cidadãos. "Vamos determinar quem faz o que, quando, como e qual apoio deve ser destinado a isso", destacou um diplomata.

Os insurgentes controlam quase metade das capitais provinciais.

Com sua rápida ofensiva, tomaram Lashkar Gah (sul), a capital provincial de Helmand, horas depois de conquistarem Kandahar, a segunda cidade do país, 150 km ao leste. Também controlam Pul-e-Alam, apenas 50 km ao sul de Cabul, de onde se aproximam perigosamente.