A Justiça alemã abriu, nesta sexta-feira (6/8), uma investigação por "homicídio por negligência" contra o chefe do distrito de Ahrweiler (oeste), afetado em meados de julho por enchentes que mataram dezenas de pessoas.
Depois de um primeiro exame do caso, a Promotoria de Koblenz anunciou, em um comunicado, que "confirmou as suspeitas iniciais de homicídio por negligência e de lesões corporais por negligência (...) e que abriu uma investigação".
A Justiça acusa o chefe do distrito, Jürgen Pföhler, membro do partido conservador da chanceler Angela Merkel, bem como outra pessoa não identificada da equipe responsável pelas crises locais, de não terem tomado as medidas necessárias para alertar a população ante as fortes chuvas e as dramáticas inundações que causaram.
Depois dos vários alertas meteorológicos emitidos, as autoridades locais deveriam ter sido responsáveis pela organização da "evacuação dos habitantes do Vale Ahr que ainda não haviam sido afetados pelas inundações".
"Esta operação - de acordo com as primeiras suspeitas - claramente não foi realizada, não foi realizada com a clareza necessária, ou foi realizada com atraso, razão pela qual os responsáveis podem ser acusados de negligência", enfatiza a Promotoria.
A Promotoria insiste em que, por enquanto, trata-se se apenas de uma primeira suspeita, que "se baseia, naturalmente, em um estado de conhecimento ofuscado por incertezas e lacunas".
"As investigações a serem realizadas devem demorar algum tempo, por isso, não se pode esperar resultados rápidos", acrescentou.
Uma polêmica se seguiu ao desastre de 14 e 15 de julho, relacionada à antecipação dos eventos meteorológicos por parte das autoridades, ao funcionamento do sistema de alerta e às medidas de evacuação.
Essas chuvas torrenciais causaram inundações devastadoras no entorno dos rios da Renânia do Norte-Vestfália e Renânia-Palatinado, devastando muitos municípios, especialmente no Vale do Ahr.
As chuvas causaram a morte de pelo menos 189 pessoas na Alemanha, incluindo 141 apenas na região da Renânia-Palatinado, onde 16 pessoas ainda são procuradas, de acordo com um novo relatório divulgado esta semana.
As inundações também afetaram a Bélgica, onde 38 pessoas morreram. Ainda neste país, um juiz de instrução investiga possíveis responsabilidades criminais, relacionadas com a falta de precaução e de alertas.
O governo alemão quer tirar lições desta tragédia e estuda várias maneiras de melhorar seu sistema de alerta de desastres, incluindo a implementação de notificações por meio do envio de mensagens para telefones celulares.