As forças rebeldes da região etíope em guerra de Tigré rejeitam os apelos internacionais para se retirarem das regiões vizinhas - anunciou seu porta-voz nesta sexta-feira (6/8), um dia depois de assumir o controle do importante sítio cultural de Lalibela.
"Nada nesse sentido acontecerá, a menos que o bloqueio seja levantado", disse Getachew Reda, referindo-se ao acesso humanitário à sua região.
Os rebeldes "não vão se retirar de Afar e de Amhara", as duas regiões limítrofes com Tigré, acrescentou.
Na quinta-feira (5/8), as forças da Frente de Libertação do Povo de Tigré (TPLF) tomaram a cidade amhara de Lalibela, um lugar conhecido por suas igrejas talhadas na rocha e classificado como patrimônio mundial da Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura (Unesco).
Segundo moradores ouvidos pela AFP, a cidade, abandonada pelas forças de segurança locais, caiu sem oferecer resistência.
Os Estados Unidos pediram aos rebeldes para "protegerem este patrimônio cultural", destacando que Lalibela é "um legado da civilização etíope".
A região de Tigré está em guerra desde novembro de 2020, quando o primeiro-ministro etíope, Abiy Ahmed, enviou suas tropas para derrubar a TPLF, partido regional, durante um longo tempo, controlou a política nacional.
Vencedor do Prêmio Nobel da Paz em 2019, o chefe do governo justificou sua intervenção pela necessidade de responder aos ataques desta organização contra o Exército federal.
Em junho, os rebeldes lançaram uma contraofensiva, retomando a capital regional, Mekele, e repelindo as tropas do governo.
Agora, controlam a maioria de Tigré e até mesmo algumas posições nas regiões de Afar, ao leste, e de Amhara, ao sul. Os rebeldes garantem que querem, com isso, facilitar o acesso de ajuda humanitária ao seu território. Essas incursões geraram críticas no exterior.
As Nações Unidas lançaram um apelo aos beligerantes para que ponham fim às hostilidades, e os Estados Unidos pediram a retirada dos rebeldes das regiões vizinhas.