O julgamento de Maria Kolésnikova, uma das figuras de destaque dos protestos de 2020 em Belarus, começou a portas fechadas, nesta quarta-feira (4), em Minsk.
Ela é acusada de tentar derrubar o governo autoritário do presidente Alexander Lukashenko.
Presa há dez meses, Kolésnikova será julgada com seu advogado, Maxime Znak, segundo a agência pública de notícias Belta.
Se forem condenados, poderão enfrentar penas de até 12 anos de prisão por "conspiração para tomar o poder", e de até 7 anos de prisão, por incitação a ações que atentam contra a segurança nacional".
Este julgamento acontece em meio ao aumento da repressão por parte do presidente Lukashenko.
Nas últimas semanas, o governo aumentou seus esforços para punir participantes e organizadores dos protestos no verão e no outono do ano passado, quando dezenas de milhares de pessoas foram às ruas para denunciar a reeleição "fraudulenta" do presidente.
Maria Kolésnikova foi presa em setembro, após resistir a uma tentativa de deportação forçada.
A opositora afirma ter sido sequestrada pelos serviços especiais bielorrussos (KGB), que teriam colocado um saco em sua cabeça para levá-la até a fronteira com a Ucrânia. Ela então teria pulou de uma janela e rasgado seu passaporte, recusando-se a deixar seu país.
Kolésnikova e seu advogado trabalharam para Viktor Babaryko, rival do presidente bielorrusso recentemente condenado a 14 anos de prisão por "fraude".
Eles faziam parte de um Conselho de Coordenação de sete membros estabelecido após a eleição presidencial de agosto de 2020, com o objetivo de organizar uma transição pacífica de poder.
Maria Kolésnikova fez parte do trio de mulheres impulsionadas à liderança do movimento de protesto, junto com Svetlana Tikhanóvskaya, candidata à presidência no lugar de seu marido preso, e Veronika Tsepkalo. Pressionadas pelas autoridades, as duas últimas fugiram do país.
Milhares de manifestantes e oponentes foram presos, ou forçados ao exílio desde o outono de 2020. O governo de Belarus também é acusado de perseguir quem fugiu do país.