O comando do movimento talibã, que se prepara para formar o governo no Afeganistão assim que as tropas estrangeiras abandonarem o país na terça-feira (31), sempre foi cercado de mistério, inclusive quando o grupo governou o país entre 1996 e 2001.
Confira a seguir uma lista dos principais líderes do grupo islamita, que recuperou o poder em 15 de agosto, 20 anos depois de ser derrubado por uma coalizão militar liderada pelos Estados Unidos:
Haibatullah Akhundzada, o líder supremo
O mulá Haibatullah Akhundzada foi nomeado chefe dos talibãs em maio de 2016 em uma transição rápida, dias depois de um ataque de drones das tropas dos Estados Unidos ter matado seu antecessor, Mansur Akhtar.
Antes de sua nomeação, pouco se sabia sobre Akhundzada, uma figura discreta e dedicada a questões religiosas e legais. Seu papel na vanguarda do movimento era considerado mais simbólico do que operacional.
Filho de um teólogo, natural de Kandahar, o coração do país pahtun no sul do Afeganistão e berço dos talibãs, Akhundzada obteve rapidamente uma promessa de lealdade de Ayman al Zawahiri, líder da Al-Qaeda.
Akhundzada teve a delicada missão de unificar os talibãs, fragmentados por uma violenta luta pelo poder após a morte de Mansur e a revelação de que haviam escondido por anos a morte do fundador do movimento, o mulá Omar.
Ele conseguiu manter o grupo unido e continuou a ser bastante discreto e silencioso, limitando-se a transmitir raras mensagens anuais nos feriados islâmicos.
Mulá Baradar, cofundador
Abdul Ghani Baradar é o cofundador do Talibã junto com o mulá Omar, falecido em 2013, mas cuja morte ficou escondida por dois anos.
Como muitos afegãos, sua vida foi moldada pela invasão soviética em 1979, que o tornou um mujahedin, um combatente fundamentalista islâmico, e se acredita que tenha lutado ao lado do mulá Omar.
Ambos teriam fundado o movimento talibã durante a guerra civil afegã, no início dos anos 1990, quando os chefes da guerra lutavam para controlar o país a sangue e fogo.
Em 2001, após a intervenção dos EUA e a queda do regime talibã, ele fez parte de um pequeno grupo de insurgentes dispostos a concordar com um acordo que reconhecia o governo de Cabul. A iniciativa foi, no entanto, rejeitada pelos americanos, que ocuparam o país durante 20 anos.
Abdul Ghani Baradar era o comandante militar dos talibãs, quando foi preso em 2010, em Karachi, no Paquistão. Foi solto em 2018, sobretudo, pela pressão de Washington.
Ouvido e respeitado pelas diferentes facções talibãs, ele foi nomeado chefe do escritório político do grupo, localizado no Catar.
Do país do Golfo, liderou negociações com os americanos, as quais levaram à retirada das forças estrangeiras do Afeganistão.
Voltou para o Afeganistão, a Kandahar, dois dias depois da tomada de poder pelo grupo islamita. Em seguida, viajou a Cabul.
Sirajuddin Haqqani, o líder da rede Haqqani
Filho de Jalaluddin Haqqani, um célebre comandante da jihad antissoviético, Sirajuddin é o número dois dos talibãs e o líder da rede Haqqani.
Fundada por seu pai, a rede é classificada como terrorista por Washington, que sempre a considerou a facção combatente mais perigosa contra as tropas dos EUA e da Organização do Tratado do Atlântico Norte (Otan) nas últimas duas décadas no Afeganistão.
Também é acusado de ter assassinado alguns funcionários de alto escalão do governo afegão e de manter ocidentais como reféns para obter resgate, ou mantê-los como prisioneiros. Um deles foi o militar americano Bowe Bergdahl, libertado em 2014 em troca de cinco detentos afegãos da prisão de Guantánamo.
Conhecidos por sua independência, por suas habilidades em combate e pelos negócios bem-sucedidos, acredita-se que os Haqqani comandam as operações nas áreas montanhosas do leste do Afeganistão e que teriam grande influência nas decisões do movimento.
Mulá Yaqub, o herdeiro
Filho do mulá Omar, Yaqub é o chefe da poderosa comissão militar dos talibãs, que decide os rumos estratégicos da guerra contra o governo afegão.
Sua ascendência e laços com seu pai, idolatrado como líder histórico dos talibãs, fizeram dele uma figura unificadora dentro de um movimento amplo e diverso.
As especulações sobre seu papel exato na insurgência são persistentes. Alguns analistas acreditam que sua nomeação para a chefia desta comissão em 2020 foi apenas simbólica.
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