Chile

Com candidatos definidos, Chile inicia corrida às presidenciais de novembro

Em meio a crise social, a pandemia e uma nova constituição, foram definidos os candidatos presidenciais do Chile

Agence France-Presse
postado em 23/08/2021 18:19 / atualizado em 23/08/2021 18:20
 (crédito: CLAUDIO REYES / AFP)
(crédito: CLAUDIO REYES / AFP)

As principais forças políticas do Chile registram seus candidatos presidenciais nesta segunda-feira (23), no último dia de inscrição no Serviço Eleitoral para aqueles que vão disputar em novembro próximo eleições marcadas pela crise social, a pandemia e a redação de uma nova Constituição.


As três coalizões mais importantes conseguiram definir seus candidatos para disputar a corrida presidencial, prevista como difícil para a única mulher candidata, Yazna Provoste, dirigente de centro-esquerda eleita no sábado em uma consulta civil entre os três grupos que formaram a outrora bem-sucedida Concertação, que governou grande parte dos 30 anos que se seguiram à ditadura de Augusto Pinochet (1973-1990).


Provoste, de 51 anos, disputará o primeiro turno das presidenciais de 21 de novembro com o adversário da direita Sebastián Sichel (44) e o esquerdista Gabriel Boric (35); que aparecem fortes nas pesquisas e mobilizaram mais eleitores do que o previsto nas primárias de 18 de julho.


Outros candidatos de partidos independentes, liberais ou de esquerda e da direita mais radical têm até a meia-noite desta segunda para se inscreverem para disputar as presidenciais, em eleições nas quais também serão escolhidos deputados, senadores e conselheiros regionais.


Assim começa uma disputa marcada pelo descrédito nas forças tradicionais e seus líderes após a crise social que explodiu em 18 de outubro de 2019, expondo as desigualdades sociais no Chile.


Estas desigualdades ficaram mais evidentes com a pandemia de covid-19 e somaram críticas ao governo conservador de Sebastián Piñera pela demora nas ajudas econômicas para que a população enfrentasse a crise.


No entanto, o Chile conseguiu recuperar gradativamente a atividade econômica graças às polêmicas retiradas antecipadas de pensões, melhoras nas ajudas sociais e um bem-sucedido processo de vacinação, que permitiu imunizar mais de 83% da população-alvo, 15 dos 19 milhões de habitantes do país.

 

- Eleição e nova Constituição -
A campanha eleitoral ocorrerá concomitantemente à Convenção Constituinte, que trabalha desde 4 de julho com um prazo máximo de um ano para redigir a nova Constituição que substituirá a atual, herdada da era Pinochet.


A eleição da democrata-cristã Yasna Provoste definiu os principais concorrentes que vão disputar o pleito em novembro.


Provoste, uma professora de grande experiência na política chilena, anunciou que vai deixar a presidência do Senado para se dedicar inteiramente à sua campanha eleitoral. "Isto faz parte do compromisso que assumimos no Senado, na centro-esquerda e a forma como podemos fazer um bom governo", afirmou.


Ela também foi ministra do Planejamento durante o governo de Ricardo Lagos (2000-2006) e da Educação na primeira presidência de Michelle Bachelet (2006-2010), cargo do qual foi deposta por uma acusação constitucional no Congresso, que a inabilitou para exercer funções políticas por cinco anos.


A Democracia Cristã, o Partido Socialista e o Partido pela Democracia, os principais parceiros da antiga Concertação que governaram por duas décadas após o retorno da democracia em 1990, chegam fragilizados pela desconfiança dos cidadãos nos partidos políticos tradicionais e a perda de seu apoio histórico no eleitoral progressista após a mudança social que o Chile vive desde 2019.


Enquanto isso, a coalizão de direita Chile Vamos - dos partidos Renovação Nacional, Evópoli e União Democrata Independente - escolheu nas primárias de 18 de julho o independente Sebastián Sichel, advogado de 44 anos.


Sichel surpreendeu ao derrotar os aspirantes dos partidos tradicionais de direita, entre eles o conservador Joaquín Lavín em sua terceira tentativa de chegar à Presidência.


Ex-militante democrata-cristão, Sichel deixou a centro-esquerda e deu em 2017 seu apoio ao presidente conservador Sebastián Piñera, que dois anos depois o nomeou ministro do Desenvolvimento Social e Família, e depois presidente do Banco do Estado do Chile (junho-dezembro de 2020).


Já o deputado Gabriel Boric (35), a personalidade mais jovem e emergente, será o candidato do pacto das esquerdas entre a Frente Ampla e o Partido Comunista. Ele também surpreendeu nas primárias de sua formação ao vencer o popular prefeito comunista da comuna da Recoleta – em Santiago -, Daniel Jadue.


Para analistas, as vitórias de Boric e Sichel dão conta de que os chilenos optaram nas primárias por políticos da nova geração e com tom mais moderado.

 

 

 


© Agence France-Presse

 

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