A tempestade tropical Grace varreu o Haiti, castigado pelo terremoto de magnitude 7,2 na escala Richter. A segunda catástrofe em menos de uma semana adicionou mais caos ao sudoeste do país, que contabiliza pelo menos 1.941 mortos e mais de 9,9 mil feridos. De acordo com as autoridades haitianas, mais de 60 mil casas ficaram destruídas, e 76 mil sofreram danos diversos. Fortes chuvas de até 38 centímetros cúbicos têm caído sobre a região. “A situação está difícil. Os ventos são muitos fortes, chove bastante e não temos eletricidade, nem comida ou água. Há muitos problemas por aqui. Apenas Deus pode dizer o que vai acontecer”, afirmou ao Correio Joseph David Saint-Jean, 28 anos, morador de Les Cayes, a 154km de Porto Príncipe. Segundo ele, há registros de inundações em alguns pontos da cidade.
Encharcados e exaustos, os moradores não tinham outra opção que fazer as necessidades nas ruas ameaçadas pelas inundações. Mais de 200 pessoas erguiam refúgios precários em um campo de futebol inundado, sob vento e chuva persistentes. Com apenas uma touca de banho para se proteger da água, Magalie Cadet está esgotada após os três dias de penúrias que acaba de suportar. “Até para fazer nossas necessidades não temos aonde ir, por isso temos que procurar fazê-las nas ruas”, lamenta a mulher de 41 anos, com os nervos à flor da pele pelas constantes réplicas do terremoto. “Ontem (segunda-feira) à noite me refugiei perto da igreja, mas quando sentimos a terra voltar a tremer, voltei correndo para cá”, suspira.
“Passamos muito mal a noite passada. Muito vento e depois a chuva. Fiquei sentada, as rajadas jogavam água em cima de nós”, conta Natacha Lormira, segurando numa das mãos um fino pedaço de madeira ao qual está presa uma lona rasgada. “Não quero passar por baixo de uma galeria ou da quina de uma parede porque todos vimos gente morrer sob pedaços de paredes. Assim, nos resignamos: é melhor estar molhado do que morto”, lamenta-se.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) estimou que 1,2 milhão de pessoas, incluindo 540 mil crianças, foram afetadas pela crise. O primeiro-ministro haitiano, Ariel Henry, declarou estado de emergência durante um mês nos quatro departamentos (estados) afetados pela catástrofe.
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