Imagens de multidões nas pistas do aeroporto em Cabul nesta segunda (16/8) chocaram o mundo. Centenas de pessoas corriam tentando alcançar aviões que estavam prestes a decolar - algumas pessoas até tentaram se segurar a um avião em movimento.
Houve relatos de tiros e mortes no aeroporto. O Pentágono confirmou que uma ação dos Estados Unidos resultou na morte de dois indivíduos armados. Estima-se que ao menos cinco pessoas tenham morrido.
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A BBC falou com um homem afegão de 40 e poucos anos que trabalhou em um projeto de desenvolvimento financiado pelos Estados Unidos e que esteve no aeroporto na segunda-feira. Ele próprio era uma das pessoas desesperadas para deixar o país. E contou à BBC o que viu:
"Um americano com quem trabalho me mandou uma mensagem dizendo para que eu fosse ao aeroporto, pois eu conseguiria um visto especial de imigração para deixar o país. Fui com dois amigos que também trabalharam com americanos. Os americanos podem recomendar afegãos à Embaixada dos EUA para um visto.
Quando cheguei lá, vi um desastre. Parecia coisa de filme.
Milhares - talvez 10 mil pessoas - estavam lá, do lado de fora dos portões do aeroporto. Rios de pessoas estavam se movendo de um lado para o outro.
As forças americanas estavam dentro do aeroporto. O Talebã, do lado de fora, nos portões de entrada. Ambos dispararam. Mas eles não conseguiam impedir as pessoas de avançar.
Cerca de quatro ou cinco pessoas foram mortas. O que vi, nunca esperei ver em minha vida.
Perguntei a cerca de 30 pessoas por que haviam vindo. Eu perguntei se eles tinham malas e eles disseram que não.
Diziam ter ouvido falar que o Exército dos Estados Unidos estava evacuando pessoas, sem impor condições - que bastava mostrar o passaporte ou a carteira de identidade.
Eu disse a eles que não era possível, que achava que era um plano perigoso e que deviam voltar para casa.
As pessoas ficaram chocadas ao ver o Talebã. Alguns nunca tinham visto pessoas assim - com cabelos longos, segurando armas - antes. Nós voltamos para a casa.
Era uma ideia perigosa a de nós irmos ao aeroporto pela manhã. Pensamos que conseguiríamos um voo e os americanos nos ajudariam.
Não estou desapontado por não ter podido partir. Fomos informados de que nos próximos dias seremos capazes de sermos evacuados.
No momento, estamos com medo. Não estamos seguros. Mas quando vi o desespero das pessoas no aeroporto, fiquei mais arrasado do que com medo. Foi o caos."
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