Destruição

Haiti é abalado por terremoto após 10 anos da última tragédia

Um forte terremoto atingiu, ontem, o país mais pobre das Américas, que ainda se recupera dos tremores de 2010. Até o fechamento desta edição, havia a confirmação de 304 morte. Situação pode se agravar com a possível chegada de uma tempestade tropical

Correio Braziliense
postado em 15/08/2021 06:00
 (crédito: Jean Pierre/AFP)
(crédito: Jean Pierre/AFP)

Um terremoto de magnitude 7,2 na escala Richter atingiu o Haiti ontem, deixando, pelo menos, 304 mortos e diversos danos a propriedades na região que ainda se recupera dos devastadores tremores ocorridos em 2010. Os Estados Unidos anunciaram o envio de ajuda para os haitianos, que sofrem uma crise social e política agravada pela pandemia da covid-19. Enquanto o auxílio não chega, as equipes de resgate correm contra o tempo, já que especialistas preveem, para amanhã, a chegada da tempestade tropical Grace ao país caribenho.

Os tremores que obrigaram a população do Haiti a procurar abrigo ocorreram por volta das 8h30 (9h30 no horário de Brasília), a 12 quilômetros da cidade de São Luís do Sul, próxima à capital haitiana, Porto Príncipe, de acordo com dados do Instituto Geológico dos Estados Unidos (USGS, na sigla em inglês).

A agência de Proteção Civil do país caribenho divulgou que 227 mortes haviam sido registradas, dos quais 158 no sul do país. Há, também, centenas de feridos e desaparecidos, segundo afirmou o órgão. As autoridades locais informaram que óbitos foram registrados no departamento de Grand-Anse; na cidade de Les Cayes, onde um hotel de vários andares desabou; e no departamento de Nippes, onde ocorreu o epicentro do terremoto. Na cidade de Jeremie, no extremo oriente do Haiti, que é composta, principalmente, por residências e edifícios de um andar, foram registrados danos graves.

Hospitais nas regiões mais afetadas se encontram em dificuldade para prover ajuda de emergência. Pelo menos três centros de saúde nas cidades de Pestel, Corailles e Roseaux estão lotados de pacientes, segundo Jerry Chandler, diretor da Proteção Civil.

Christella Saint-Hilaire, que vive perto do epicentro, disse à Agência France-Presse (AFP) de notícias que muitas casas estão destruídas e que outros abalos seguem acontecendo. Em vídeos compartilhados on-line, os residentes filmaram as ruínas de vários edifícios de concreto, incluindo uma igreja em que uma cerimônia, aparentemente, estava acontecendo na manhã de ontem, na cidade de Les Anglais, a 200 quilômetros a sudoeste de Porto Príncipe. “As casas e os muros que as cercam desabaram. O telhado da catedral caiu”, detalhou Job Joseph, residente da cidade de Jeremie, no extremo oriente do Haiti.

Efeitos e solidariedade
O forte terremoto foi sentido em grande parte do Caribe, inclusive em Santiago de Cuba, onde muitos residentes deixaram suas casas por precaução, segundo informou a rádio local Rebelde. Os habitantes da região compartilharam imagens nas redes sociais que mostram os esforços para retirar as pessoas dos escombros dos edifícios que desmoronaram, enquanto várias pessoas gritavam na tentativa de encontrar um lugar seguro fora de suas casas. “Estou mobilizando todos os recursos de minha administração para ajudar as vítimas”, escreveu, no Twitter, o primeiro-ministro do país, Ariel Henry, ao mesmo tempo em que pediu a união da nação.

O USGS emitiu, inicialmente, um alerta de tsunami, prevendo possíveis ondas de até três metros ao longo da costa do Haiti, mas logo suspendeu o aviso. Ainda assim, a situação pode se agravar, já que a Agência Americana Oceânica e Atmosférica (NOAA, da sigla em inglês) prevê que a rota da tempestade tropical Grace passe pelo leste da ilha e há alerta de fortes ventos e chuvas para o Haiti.

O terremoto ocorreu pouco mais de um mês depois de o presidente Jovenel Moise ter sido assassinado em sua casa por um comando armado, chocando um país que já lutava contra a pobreza, o aumento da violência de gangues e a pandemia.

Logo após o país caribenho ter declarado estado de emergência em resposta à catástrofe, o presidente americano, Joe Biden, aprovou uma ajuda “imediata” para o Haiti, declarou, à imprensa, um funcionário da Casa Branca. Outros líderes de estado também se manifestaram sobre o ocorrido. “Minha solidariedade e de todo o povo espanhol com o Haiti pelo grave terremoto que sofreu. Podem contar com o apoio da Espanha para seguir em frente após este terrível acontecimento”, declarou o presidente do governo da Espanha, Pedro Sánchez, no Twitter.

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Memória

Ainda em reconstrução

Em 12 de janeiro de 2010, o Haiti foi atingido por tremores de magnitude 7.0, o quinto mais grave da história mundial. O terremoto provocou mais de 200 mil mortes, deixou 250 mil feridos e 1,5 milhão de desabrigados. A força dos eventos catastróficos foi tamanha que diversos edifícios desabaram na capital Porto Príncipe, incluindo o palácio presidencial, a catedral Notre-Dame da cidade e a sede do Banco Mundial. Entre as vítimas estavam alguns brasileiros, já que 1.200 soldados participavam da Força de Paz da Organização das Nações Unidas (ONU).

A tragédia agravou os problemas sociais do Haiti, o país mais pobre das Américas. A população sofreu com a falta de água, comida e medicamentos, o que desencadeou uma onda de saques e confrontos. Também foi registrado um surto de cólera 10 meses após os tremores, que provocaram a morte de 9 mil pessoas.

Para auxiliar os haitianos, a ONU enviou US$ 1,2 bilhão ao país, recursos humanitários e uma série de equipes de busca e resgate, já que diversas pessoas tiveram que esperar até sete dias para serem retiradas dos escombros. O Brasil também foi um dos países que enviou auxílio para o Haiti. Aviões da Força Aérea levaram 13 toneladas de suprimentos, como alimentos e água, e o auxílio de profissionais da área de Defesa Civil para ajudar na contenção de danos dos desabamentos.

Avanço talibã

O Talibã tomou, ontem, a cidade de Mazar-i-Sharif, localizada no norte do Afeganistão, sem encontrar grande resistência. A conquista representa um grande passo para a ofensiva dos insurgentes, que se estende por todo o país e ameaça a capital, Cabul. “Eles estão desfilando com seus veículos e motocicletas, disparando para o alto para comemorar”, informou, à AFP, Atiqullah Ghayor, residente da cidade. Mazar-i-Sharif é a quarta maior cidade afegã, onde vivem cerca de 500 mil pessoas. “Os combatentes tomaram Mazar-i-Sharif, e todos os edifícios oficiais estão sob seu controle”, garantiram os talibãs em comunicado. Em pouco mais de uma semana, o grupo radical assumiu o controle de quase todo o norte, oeste e sul do Afeganistão. Os insurgentes estão a apenas 50 quilômetros da capital e não dão sinais de que vão diminuir o passo.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação