ALEMANHA

Há exatos 60 anos começava a ser construído o muro de Berlim

Com 3,6m de altura e 160km de extensão (43km dentro da capital), o Muro de Berlim começou a ser construído em 13 de agosto de 1961

Rodrigo Craveiro
postado em 13/08/2021 06:00 / atualizado em 13/08/2021 09:29
 (crédito: Arquivo pessoal)
(crédito: Arquivo pessoal)

Em cinco dias, Hans-Peter Spitzner, 67 anos, professor na cidade de Chemmitz, a 262km de Berlim, celebrará o segundo aniversário, como tem feito há três décadas Em 18 de agosto de 1989, ele e a filha, Peggy Spitzer, então com apenas 7 anos, se tornaram os últimos cidadãos do leste do país a atravessarem o Muro de Berlim.

“Foi o momento mais perigoso de nossas vidas”, contou ao Correio, por meio do WhatsApp. “Tive medo de ser executado pelos soldados da Alemanha Oriental. O mais difícil para mim, no entanto, foi encontrar o homem que nos ajudaria a cruzar a fronteira.”

Com 3,6m de altura e 160km de extensão (43km dentro da capital), o Muro de Berlim começou a ser construído em 13 de agosto de 1961. Até sua queda, em 1989, mais de 100 mil alemães-orientais tentaram alcançar o lado ocidental; 140 morreram durante a travessia.

“Para mim, o Muro de Berlim foi o símbolo da prisão, da divisão de uma nação, de um sistema ruim de comunismo, da morte. Espero que algo assim jamais volte. É desumano. Surreal e real ao mesmo tempo”, disse Spitzner.

Eric Yaw, um militar norte-americano, aceitou transportar pai e filha no porta-malas. “Antes, perguntei a outros soldados se poderiam nos levar no bagageiro dos ônibus que cruzavam a fronteira, e eles recusaram, pois era perigoso demais. Eu havia desistido da travessia e retornava para minha cidade natal, quando vi um carro escuro conduzido por Eric Yaw. Quando viu minha filha dormindo em meu carro, ele sorriu e aceitou nos ajudar. Fomos até um local afastado. Eu e Peggy entramos no porta-malas, pequeno, escuro e muito abafado. Conseguimos atravessar para Berlim Ocidental.”

Construção

Na madrugada de domingo, 13 de agosto de 1961, rumores circulavam pela capital alemã de que os lados oeste e leste seriam separados. Os boatos se sustentavam nas obras de uma muralha que cortava a cidade. Pela manhã, arames farpados e mecanismos de defesa foram instalados para fechar a fronteira, e policiais com armas passaram a vigiar a extensão do muro em construção. Para chegar ao oeste, os moradores do leste tinham que apresentar uma autorização especial. Como Hans-Peter Spitzner não possuía o documento, optou pela travessia clandestina.

Cinco dias depois, no domingo, o Parlamento — Câmara do Povo da comunista República Democrática Alemã (RDA) — aprovou medidas que visavam interromper o êxodo de sua população para o lado ocidental. Apenas cinco trechos do Muro de Berlim permanecem preservados: na Galeria do Lado Oriental, ao lado da Ponte de Oberbaum; próximo ao Checkpoint Charlie (onde Spitzner e a filha fizeram a travessia); diante do Palácio do Reichstag; no Cemitério dos Inválidos; e no chamado Memorial do Muro.

No oeste, o Muro de Berlim foi conhecido como “muralha de proteção antifascista”. No leste, como o “muro da vergonha”. Até a queda e a dissolução da Cortina de Ferro, em 9 de novembro de 1989, cerca de 5 mil pessoas conseguiram burlar os agentes fortemente armados, os cães policiais e as cercas elétricas e superaram a barreira. Uma das fugas mais famosas e icônicas foi a de Conrad Schumann, um dos guardas do muro, que decidiu pular a cerca do leste para o oeste em 15 de agosto de 1961. 

 

 

Notícias pelo celular

Receba direto no celular as notícias mais recentes publicadas pelo Correio Braziliense. É de graça. Clique aqui e participe da comunidade do Correio, uma das inovações lançadas pelo WhatsApp.


Dê a sua opinião

O Correio tem um espaço na edição impressa para publicar a opinião dos leitores. As mensagens devem ter, no máximo, 10 linhas e incluir nome, endereço e telefone para o e-mail sredat.df@dabr.com.br.

Os comentários não representam a opinião do jornal e são de responsabilidade do autor. As mensagens estão sujeitas a moderação prévia antes da publicação