Irã

Ultraconservador Ebrahim Raisi toma posse como presidente do Irã

Raisi é o sucessor do moderado Hasan Rohani, que alcançou em 2015 o acordo nuclear entre o Irã e as grandes potências após vários anos de tensão.

Agência France-Presse
postado em 03/08/2021 09:42 / atualizado em 03/08/2021 09:50
 (crédito: ATTA KENARE / AFP)
(crédito: ATTA KENARE / AFP)

O ultraconservador Ebrahim Raisi tomou posse nesta terça-feira (3) como novo presidente do Irã, com a missão de recuperar uma economia afundada pelas sanções americanas e pela pandemia, além de retomar as negociações para salvar o acordo internacional sobre o programa nuclear do país.

Vencedor da eleição presidencial de junho, marcada por uma taxa de abstenção recorde e os vetos às candidaturas de vários rivais, Raisi é o sucessor do moderado Hasan Rohani, que alcançou em 2015 o acordo nuclear entre o Irã e as grandes potências após vários anos de tensão.

Ex-comandante da Autoridade Judicial, Raisi, 60 anos, inicia oficialmente o mandato de quatro anos após a aprovação de sua eleição pelo guia supremo do país, o aiatolá Ali Khamenei.

"De acordo com a escolha do povo, dou posse ao sábio, incansável, experiente e popular Ebrahim Raisi como presidente da República Islâmica do Irã", escreveu o guia supremo em um decreto lido por seu chefe de gabinete.

Em suas primeiras palavras como novo presidente, Raisi declarou que seu governo tentaria suspender as sanções dos Estados Unidos contra seu país, embora não espere que os estrangeiros ajudem a melhorar a situação no Irã.

"É claro que buscamos suspender as sanções opressivas, mas não subordinaremos as condições de vida da nação à vontade de estrangeiros", disse Raisi.

Em seu discurso, o aiatolá Khamenei reconheceu que o Irã sofre muitos problemas econômicos, mas garantiu que "as capacidades do país são ainda mais numerosas".

"Resolver problemas econômicos leva tempo e não pode ser feito da noite para o dia", disse ele.

A cerimônia teve um número limitado de convidados devido à pandemia.

Raisi prestará juramento na quinta-feira no Parlamento, ao qual deve apresentar seus candidatos para os cargos ministeriais.

Raisi afirmou nesta terça-feira que o governo tentará suspender as sanções americanas contra o país, mas não espera que os estrangeiros ajudem a melhorar a situação do Irã.

"Certamente buscamos suspender as sanções opressivas, mas não vamos subordinar as condições de vida da nação à vontade dos estrangeiros", disse Raisi em um discurso transmitido pela televisão estatal após a cerimônia de posse.

"Superar adversidades"

A presidência de Raisi consagrará o domínio dos conservadores após a vitória nas eleições legislativas em 2020.

"Tenho muita esperança para o futuro do país", afirmou antes da cerimônia de posse.

"É possível e factível superar as adversidades e os limites atuais, apoiado pelo povo iraniano", completou.

Para Clément Therme, pesquisador do Instituto Universitário Europeu com sede em Florença (Itália), o objetivo "principal" de Raisi "será melhorar a situação econômica, reforçando as relações econômicas entre a República Islâmica do Irã e os países vizinhos", além de Rússia e China.

Em 2018, o ex-presidente Donald Trump retirou os Estados Unidos do acordo de 2015 e restabeleceu as sanções contra o Irã.

Em resposta, Teerã renunciou à maioria de seus compromissos que limitavam seu polêmico programa nuclear.

As sanções de Washington castigaram a economia iraniana e prejudicaram especialmente as exportações de petróleo.

Em 2017-2018 e novamente em 2019, o Irã registrou manifestações que tiveram como pano de fundo o descontentamento social vinculado às dificuldades econômicas.

Em julho, habitantes da província rica em petróleo do Khuzesthan (sudoeste) protestaram contra a falta de água.

A crise econômica foi agravada pela pandemia de covid-19. O Irã é o país mais afetado pela doença na região.

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