O Irã prometeu nesta segunda-feira (2) reagir a qualquer "aventura", depois que Estados Unidos e Israel ameaçaram responder ao ataque mortal atribuído a Teerã contra um petroleiro, no mais recente episódio deste confronto.
No domingo (1º), as autoridades iranianas negaram qualquer ligação com o ataque de quinta-feira passada (29) com "drones explosivos", segundo Washington, contra o petroleiro "Mercer Street", administrado pela sociedade do bilionário israelense Eyal Ofer.
Este novo episódio de tensões ocorre na véspera da posse do novo presidente do Irã, o ultraconservador Ebrahim Raisi. Ele começará seu mandato de quatro anos, oficialmente, após a aprovação de sua eleição por parte do guia supremo, o aiatolá Ali Khamenei, nesta terça (3).
O ataque, que não foi reivindicado, deixou dois mortos: um britânico funcionário da empresa de segurança Ambrey e um romeno membro da tripulação, segundo o armador Zodiac Maritime, propriedade do israelense Eyal Ofer.
Israel, Estados Unidos, Reino Unido e Romênia acusam o Irã. Israel ameaçou com represálias, e Washington, com uma "resposta adequada".
"A República Islâmica não hesitará em proteger sua segurança e seus interesses nacionais", disse o porta-voz iraniano das Relações Exteriores, Saeed Khatibzadeh.
O Irã "responderá imediata e decididamente a qualquer possível aventura", afirmou.
"Adequada e iminente"
A República Islâmica do Irã é um inimigo declarado dos Estados Unidos, com quem não tem relações desde 1980, assim como de Israel, cuja existência não é reconhecida por Teerã.
Na sexta-feira, dia seguinte ao ataque, o ministro israelense das Relações Exteriores, Yair Lapid, acusou o Irã de ser "um exportador de terrorismo, destruição e instabilidade que prejudica todo mundo".
O Irã rejeita todas as acusações.
"O governo sionista (uma referência a Israel) deve parar de lançar esse tipo de acusação infundada", declarou Khatibzadeh.
O primeiro-ministro israelense, Naftali Bennett, insistiu na responsabilidade iraniana, afirmando que seu país tem "provas disso".
O secretário de Estado americano, Antony Blinken, afirmou que seu país tem "certeza de que o Irã cometeu o ataque", e disse querer "negociar, não apenas com os governos da região, para dar uma resposta adequada e iminente".
Juntando-se às acusações de Washington e Israel, o Reino Unido pediu ao Irã que "encerre imediatamente as ações que colocam em perigo a paz e a segurança regionais e internacionais".
Embaixadores do Irã convocados
Em Londres, o ministro das Relações Exteriores convocou, nesta segunda-feira, o embaixador do Irã, Mohsen Baharvand, devido a este "ataque ilegal".
O primeiro-ministro britânico, Boris Johnson, também alertou hoje que o Irã deve "enfrentar as consequências" deste ataque "inaceitável e escandaloso".
"Acredito que o Irã deve enfrentar as consequências do que fez", declarou o chefe de governo. "Foi claramente um ataque inaceitável e escandaloso contra um navio comercial", acrescentou.
As autoridades da Romênia também convocaram o embaixador iraniano em Bucareste.
Há anos, Israel e Irã se enfrentam direta, ou indiretamente, no Líbano, Síria, Iraque e na Faixa de Gaza. Nestes últimos meses, essa rivalidade migrou para os mares, após uma misteriosa série de sabotagens e ataques.
O episódio de quinta-feira é a mais recente manifestação da inimizade entre Irã e Israel.
Em março, o americano The Wall Street Journal informou, citando autoridades americanas e de países do Oriente Médio, que Israel atacou com minas subaquáticas, desde o final de 2019, pelo menos dez navios com destino à Síria. Estas embarcações transportavam, em sua maioria, petróleo iraniano.
"Se vocês têm provas para sustentar suas afirmações infundadas, então que as mostrem", disse nesta segunda-feira Khatibzadeh, criticando Londres e Washington por ficarem "em silêncio" diante dos "ataques terroristas" contra "navios comerciais" iranianos.
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