ATAQUE

Talibãs atacam aeroporto de Kandahar, 2ª maior cidade do Afeganistão

O complexo aeroportuário de Kandahar e sua única pista de aterrissagem abrigam uma base aérea militar essencial para o abastecimento das tropas afegãs, que lutam há semanas com os insurgentes nos arredores desta cidade de 650.000 habitantes.

Agência France Presse
postado em 01/08/2021 10:51 / atualizado em 01/08/2021 11:41
 (crédito: Mahmud Hams/AFP



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(crédito: Mahmud Hams/AFP )

Dois foguetes atingiram a pista do aeroporto de Kandahar na madrugada deste domingo (1º), provocando a interrupção de todos os voos de e para esta grande cidade do sul do Afeganistão, uma das três capitais há dias sob fogo talibã.

Os insurgentes também se aproximaram dos limites de Herat, grande cidade do oeste que é palco de combates pelo quarto dia consecutivo, e avançaram em Lashkar Gah, capital da província de Helmand, vizinha de Kandahar.

"Em torno de 1h da madrugada, três foguetes foram lançados contra o aeroporto, e dois danificaram a pista", disse o diretor do aeroporto, Masud Pashtun, à AFP.

"Por isso, todos os voos de e com destino ao aeroporto foram cancelados", acrescentou Pashtun, informando que uma equipe trabalha para reparar a pista.

O complexo aeroportuário de Kandahar e sua única pista de aterrissagem abrigam uma base aérea militar essencial para o abastecimento das tropas afegãs, que lutam há semanas com os insurgentes nos arredores desta cidade de 650.000 habitantes.

Em Herat, as milícias antitalibãs de Ismail Khan, um poderoso senhor da guerra local, tentam conter o avanço dos insurgentes 7 km ao oeste da cidade, conforme correspondente da AFP.

No sul desta cidade, os talibãs tomaram a ponte Pul Malan e disputam com as forças afegãs a ponte de Pastun Pol, situada na estrada que leva ao aeroporto de Herat.

O Ministério afegão da Defesa anunciou a chegada de centenas de soldados das forças especiais a essa cidade "para intensificar as operações ofensivas e aniquilar os talibãs".

Kandahar e Herat, cidades cruciais

Desde maio, aproveitando-se da quase concluída retirada das forças estrangeiras do país, os talibãs deflagraram uma ofensiva, por meio da qual assumiram o controle de grandes territórios rurais.

As forças governamentais oferecem pouca resistência e mal conseguem controlar os grandes eixos de comunicação e as capitais provinciais. Algumas delas estão sob cerco dos insurgentes.

Nas últimas semanas, os talibãs chegaram aos arredores de Kandahar, berço do movimento islâmico e segunda cidade mais populosa do país, depois de Cabul. Milhares de moradores fugiram para áreas vizinhas.

Os talibãs fizeram desta cidade o epicentro de seu regime, quando governaram o Afeganistão (1996-2001), um período no qual impuseram uma leitura ultraconservadora da lei islâmica.

Uma hipotética queda de Kandahar, ou de Herat, terceira maior cidade afegã com 600.000 habitantes, seria um desastre para as autoridades afegãs e para o ânimo de suas tropas. Também aumentaria as dúvidas sobre a capacidade de Cabul de deter seus inimigos.

Os talibãs conquistaram vários distritos da província de Herat, assim como duas passagens de fronteira na região: a de Islam Qala, principal posto com o Irã, e a de Torghundi, com o Turcomenistão.

Nos combates travados nesta cidade na sexta-feira (30), o prédio da Missão da ONU no Afeganistão (UNAMA) foi atacado por foguetes e armas de fogo. Neste domingo, a organização pediu aos talibãs que investiguem o ocorrido.

Repelidos uma primeira vez no sábado, em Lashkar Gah, os talibãs voltaram à carga hoje e conseguiram entrar nesta cidade de 200.000 habitantes.

"Há combates dentro da cidade, e pedimos o envio de forças especiais", disse o chefe do conselho provincial de Helmand, Ataullah Afghan, à AFP.

Ambos os lados "disputam rua a rua", declarou neste domingo Badshah Khan, um morador local, acrescentando que os insurgentes tomaram posse de vários prédios da administração pública.

"É uma cidade morta", completou, descrevendo ruas cheias de cadáveres.

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