MEIO AMBIENTE

Poucos países assumiram novos compromissos sobre clima, alerta ONU

Em função da pandemia da covid-19 e do adiamento de um ano da Conferência sobre o Clima COP26, em Glasgow, que será em novembro de 2021, muitos governos disseram que não vão cumprir o prazo.

Apenas pouco mais da metade dos Estados apresentou seus novos compromissos em matéria de clima - disse com preocupação a responsável na ONU pelas questões climáticas, a mexicana Patricia Espinosa, que também pediu que se "reforce" a ambição dos planos apresentados.

Em virtude do Acordo de Paris de 2015 - que tem como meta manter o aquecimento "muito abaixo" de +2ºC e, se possível, de +1,5ºC em comparação com a era pré-industrial - cada um dos quase 200 signatários deveria apresentar, até o final de 2020, uma versão revisada dos seus compromissos assumidos na luta contra as mudanças climáticas. Estes compromissos foram intitulados "contribuição determinada em nível nacional" (CDN).

Em função da pandemia da covid-19 e do adiamento de um ano da Conferência sobre o Clima COP26, em Glasgow, que será em novembro de 2021, muitos governos disseram que não vão cumprir o prazo.

A ONU havia fixado um novo prazo - até 30 de julho - de modo que os compromissos pudessem ser levados em consideração na avaliação global que será publicada antes da COP26. A conferência é considerada uma reunião crucial para o futuro do planeta.

Até sexta-feira (30), porém, apenas 110 países haviam apresentado seus compromissos revisados.

Trata-se de um "avanço positivo" em relação a janeiro, mas "o novo balanço ainda está longe de ser satisfatório, já que apenas um pouco mais da metade das Partes (58%) cumpriu o prazo de corte".

"O nível de ambição refletido nestes planos de ação nacional sobre o clima também deve ser reforçado", insistiu Espinosa.

"Espero, sinceramente, que a nova revisão dos esforços coletivos revele um panorama mais positiva", completou.

"As recentes ondas de calor extremo, as secas e as inundações que estamos vendo em todo mundo são uma terrível advertência de que temos que fazer muito mais e muito mais rápido para mudar a trajetória atual", insistiu ela.

O relatório de fevereiro estimou que o impacto combinado das novas contribuições representará menos de 1% de redução das emissões de gases causadores do efeito estufa até 2030 (em comparação com 2010). Isso é muito longe dos 45% necessários para se manter abaixo de +1,5ºC, conforme especialistas do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas da ONU (ou IPCC, na sigla em inglês).

A lista de países que apresentaram novas metas inclui os Estados Unidos, que retornaram para o Acordo de Paris logo que o presidente Joe Biden chegou à Casa Branca, e o Canadá. China, que se comprometeu com a neutralidade do carbono até 2060, ainda não entregou a sua, Índia e África do Sul, também não.