A Casa Branca disse estar "profundamente preocupada" com a perseguição e a intimidação dos correspondentes estrangeiros que cobriam as inundações na China - afirmou um porta-voz do Departamento de Estado na quinta-feira (29/7).
A reação do governo americano surge apenas 24 horas depois de Pequim acusar a BBC de divulgar "notícias falsas" sobre as devastadoras inundações na província de Henan (centro), e a rede britânica denunciar que seus jornalistas sofreram hostilidades.
"Os Estados Unidos estão profundamente preocupados com a crescente vigilância, assédio e intimidação de jornalistas americanos e de outros países na República Popular da China, incluindo correspondentes estrangeiros que cobriam a devastação e a perda de vidas causadas pelas recentes inundações em Henan", disse o porta-voz do Departamento, Ned Price, em um comunicado.
"O governo chinês garante que dá boas-vindas aos meios de comunicação estrangeiros e que apoia seu trabalho, mas suas ações contam outra história", acrescentou Price.
Ontem, o porta-voz do Ministério chinês das Relações Exteriores, Zhao Lijian, acusou a BBC de espalhar notícias falsas e de "atacar e caluniar a China, desviando-se dos padrões jornalísticos".
A rede britânica denunciou que seus repórteres sofreram fortes críticas on-line e que outros jornalistas de outros meios de comunicação foram perseguidos no terreno, enquanto aumenta a sensibilidade dos chineses em relação a qualquer projeção negativa da imagem do país no exterior.
Jornalistas da AFP na cidade de Zhengzhou, uma das mais afetadas pelas enchentes, foram cercados por dezenas de pessoas e tiveram de apagar o material gravado de um túnel de tráfego inundado.
Em declarações nesta sexta-feira (30/7), Zhao Lijian rejeitou as críticas do Departamento de Estado americano e acusou Washington de "flagrantes duplos padrões e de assédio hegemônico".
Zhao disse que os Estados Unidos já haviam expulsado jornalistas chineses e imposto "restrições discriminatórias" a eles. Nesse sentido, pediu a Washington que "olhe para si mesmo e pare seus constantes ataques à China".
Grupos de defesa da liberdade de imprensa afirmam que o trabalho dos repórteres está sendo cada vez mais dificultado no país, evocando casos de jornalistas monitorados nas ruas, de campanhas de assédio digital, ou de negação de vistos.