Tropas do presidente sírio, Bashar Al-Assad, lançaram um ataque contra o bairro de Deraa Al-Balad, berço da revolução e bastião da oposição situado na cidade de Deraa (sudoeste do país). As forças do regime utilizaram mísseis e projéteis de artilharia para tentar esmagar a insurreição, uma manobra sem precedentes em uma década de guerra civil. “O exército atacou a área e foi confrontado por combatentes locais. Os guerrilheiros também lançaram uma ofensiva contra os postos de controle mantidos pelo governo na província de Deraa. O regime respondeu com fogo de artilharia, o que ocasionou em baixas civis”, relatou ao Correio Omar Alhariri, ativista de direitos humanos do chamado Escritório dos Mártires de Deraa.
De acordo com Alhariri, Deraa Al-Balad foi o primeiro distrito a protestar contra Al-Assad, em 2011. “Como a população ainda se opõe ao regime, Damasco quer se vingar e aniquilar a oposição”, comentou. “Até então, Al-Assad acreditava ter o controle desta área. Nada assim aconteceu em nenhuma outra parte da Síria. É algo sem precedentes. A revolução não acabou. O que aconteceu aqui, hoje (ontem), confirma isto”, acrescentou. Morador de Deraa, Alhariri explicou que o governo e a oposição mantêm negociações. “Pode haver um deslocamento de civis e de combatentes em direção ao norte da Síria.”
A organização não governamental Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH) informou a morte de 23 pessoas, ontem, e destacou que os confrontos foram os mais violentos desde que a província de Deraa foi reconquistada pelas forças de Al-Assad em 2018. “Oito soldados sírios e milicianos aliados morreram nos confrontos”, anunciou o OSDH, que afirma que “mais de 40 combatentes pró-governo foram feitos prisioneiros durante os combates para conquistar várias posições na província”.
O jornal Al-Watan, de inclinação pró-Damasco, reportou “o começo de uma operação militar contra terroristas” que “sabotaram o acordo da reconciliação” — uma referência a iniciativas negociadas pelas autoridades do regime com os rebeldes durante a reconquista. Desde 2011, a guerra na Síria causou mais de 500 mil mortes e milhões de deslocados.
Tropas de Israel matam palestino durante funeral de criança
Mohammed Al-Alami tinha apenas 12 anos. Na quarta-feira, ele voltava de uma mercearia, com o pai e a irmã, em Beit Ummar, na Cisjordânia ocupada. Forças israelenses abriram fogo e acertaram Al-Alami no peito. O menino palestino foi levado ao hospital, mas não resistiu aos ferimentos e morreu na mesa de cirurgia. Ao despedir-se dele, o pai debruçou-se sobre o corpo da criança e gritou: “Eles te arrancaram do fundo do meu coração, meu filho querido”. Ontem, durante o sepultamento, o pai (D, de amarelo) colocou sobre o filho a sacola com pães que eles tinham acabado de comprar. Moradores saíram às ruas de Beit Ummar e foram reprimidos pelos soldados de Israel. Shawkat Khaled Awad, 20 anos, seguia o cortejo fúnebre quando foi baleado na cabeça e no peito. Foi o segundo palestino morto em 24 horas. Outros 28 ficaram feridos. Em uma breve declaração, segundo o jornal Haaretz, as Forças de Defesa de Israel (IDF) acusaram “centenas de baderneiros” pela violência e afirmaram que o incidente que causou a morte de Awad está sob investigação.