A organização Repórteres Sem Fronteiras (RSF) pediu nesta quarta-feira (21/7) ao governo israelense uma moratória sobre a exportação do programa de espionagem Pegasus da empresa de segurança cibernética NSO, no centro de um escândalo de espionagem global.
As organizações Forbidden Stories e Anistia Internacional obtiveram uma lista de 50 mil números de telefone, selecionados pelos clientes da NSO desde 2016 para serem potencialmente espionados, e a partilharam com um consórcio de 17 veículos de imprensa que revelaram a sua existência no último domingo.
O presidente da França, Emmanuel Macron, o rei do Marrocos, Mohamed VI, e o primeiro-ministro do Paquistão, Imran Khan, estão na lista dos possíveis alvos do software Pegasus, assim como mais de 180 jornalistas de todo o mundo que teriam sido espionados por vários Estados que tiveram acesso à ferramenta desenvolvida pela NSO.
Pegasus pode ser instalado em um telefone para recuperar mensagens, fotos e contatos, e para ativar microfones e câmeras à distância.
"Os programas desenvolvidos por empresas israelenses como o Pegasus da NSO envolvem claramente o Estado de Israel. Embora as autoridades israelenses tenham desempenhado apenas um papel indireto, elas não podem se esquivar de sua responsabilidade", disse a RSF em um comunicado.
O software não serve para proteger, mas para se infiltrar em sistemas, razão pela qual é considerado um produto ofensivo de cibersegurança e deve receber luz verde do Ministério da Defesa de Israel para ser vendido a países terceiros, assim como acontece com as armas.
"Pedimos ao primeiro-ministro [israelense] Naftali Bennett que imponha imediatamente uma moratória na exportação de tecnologia de vigilância até que uma estrutura regulatória de proteção seja estabelecida", disse o secretário-geral da RSF, Christophe Deloire, em comunicado.
Em uma conferência sobre tecnologia cibernética em Tel Aviv, Bennett, que fez fortuna justamente no setor de tecnologia antes de entrar na política, defendeu na quarta-feira este setor israelense em expansão.
"Para cada US $ 100 investidos em defesa cibernética no mundo, 41 são investidos em empresas israelenses", disse ele, atribuindo a prosperidade do setor às unidades de elite do exército que servem como incubadoras de startups.