Baleado em 6 de julho em Amsterdã, o jornalista investigativo holandês Peter R. De Vries, de 64 anos, não resistiu aos graves ferimentos e faleceu - informou sua família em um comunicado divulgado nesta quinta-feira (15/7) pelo veículo RTL.
"Peter lutou até o fim, mas não conseguiu vencer a batalha. Morreu, rodeado daqueles que o amam", afirma a nota.
"A morte de Peter R. de Vries me afeta profundamente. É algo quase inconcebível", tuitou o primeiro-ministro Mark Rutte.
De Vries ficou entre a vida e a morte em um hospital após levar vários tiros, um deles na cabeça, em uma rua central da capital holandesa.
O jornalista acabava de deixar o estúdio de uma emissora de televisão, depois de participar como convidado de um programa.
Testemunhas escutaram cinco disparos, informou a rede de televisão pública NOS.
O atentado gerou uma onda de reações de seus colegas de profissão e personalidades políticas, dentro e fora do país.
"Seu assassinato é um novo episódio de uma série assustadora na Europa", onde "o crime organizado representa um grande perigo para o jornalismo", disse nesta quinta-feira em um tuíte o secretário-geral da Repórteres sem Fronteiras (RSF), Christophe Deloire, que lembrou recentes assassinatos em Malta, na Eslováquia e Grécia.
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, disse no Twitter estar "profundamente entristecida".
"Os jornalistas investigativos são essenciais para nossas democracias. Devemos fazer todo o possível para protegê-los", acrescentou.
Dois suspeitos compareceram à Justiça holandesa na última sexta-feira (9/7), e o juiz responsável estendeu sua detenção.
Os suspeitos foram identificados pela imprensa local como Kamil E., um cidadão polonês de 35 anos residente em Maurik, no centro do país, e Delano G., 21, que vive em Roterdã.
"Orgulhosos e inconsoláveis"
O jornalista era muito conhecido na Holanda por suas investigações jornalísticas. Também aparecia como porta-voz de vítimas, ou no círculo mais próximo de testemunhas-chave. Recebeu várias ameaças de morte ao longo de sua carreira.
"Peter viveu de acordo com suas convicções: 'Não é possível ser livre de joelhos'", disseram sua família e sua atual companheira em um comunicado conjunto.
"Estamos imensamente orgulhosos dele e ao mesmo tempo inconsoláveis", acrescentaram.
Após o ataque, De Vries foi aclamado como um "herói nacional", um defensor fervoroso da justiça, que se tornou conhecido em seu país e fora dele pelas suas informações sobre o sequestro do 'barão da cerveja', Freddy Heineken, na década de 1980.
"É uma perda indescritível. Nossos sentimentos estão, antes de tudo, com a família de Peter, sua companheira e todos os seus amigos", disseram em uma nota conjunta RTL Netherlands, a produtora Fremantle Nederland e colaboradores do RTL Boulevard, programa no qual De Vries aparecia frequentemente como convidado, como ocorreu no dia do atentado.
"A influência de Peter será sempre mais forte do que qualquer ato de ódio", acrescentaram.