Francisco estava acompanhado de três crianças em tratamento oncológico e aparentava um bom estado de saúde. Da varanda do 10º andar do hospital Policlínica Gemelli, em Roma, onde se recupera de uma colectomia esquerda (cirurgia para remover uma porção do cólon afetada por divertículos), o papa rezou, na manhã de ontem, o tradicional Ângelus e se disse feliz por honrar o compromisso. O pontífice, de 84 anos, defendeu a manutenção do serviço de atendimento à saúde gratuito e lamentou o assassinato do presidente do Haiti, Jovenel Moïse.
“Queridos irmãos e irmãs, bom dia! Estou feliz por poder manter o encontro dominical do Ângelus, também aqui da policlínica Gemelli”, declarou, aclamado por cerca de 200 pessoas reunidas em frente ao estabelecimento hospitalar, muitas delas em jalecos brancos. “Senti sua proximidade e o apoio das suas preces. Obrigado do fundo do meu coração!”, acrescentou, com a voz um pouco rouca. “Nestes dias de convalescença no hospital, pude perceber a importância de um bom atendimento, acessível a todos, como o que existe na Itália e em outros países”, frisou. “Devemos mantê-lo!”, pediu.
“Quero expressar meu apreço e meu encorajamento aos médicos e a todos os profissionais de saúde e funcionários deste hospital e de outros hospitais. Eles trabalham muito!”, continuou o papa, cumprimentando as três crianças que recebem terapia contra o câncer. Francisco pediu aos fiéis para que rezem por todos os doentes. Desejou “que ninguém seja deixado sozinho; que todos recebam a unção da escuta, da proximidade e do cuidado”. O papa exortou todos a cuidarem de uma pessoa que sofre, por meio de “uma visita, um telefonema, uma mão estendida”.
Depois da oração do Ângelus, ele lançou um pensamento para o Haiti, após o assassinato de seu presidente, na esperança de que “cesse a espiral de violência”. O argentino Jorge Mario Bergoglio também repetiu um apelo feito aos fiéis em algumas ocasiões desde que assumiu o pontificado, em 19 de março de 2013. “Não se esqueçam de rezar por mim”, declarou.
Recuperação
A Santa Sé ainda não informou quando o líder da Igreja Católica retornará à sua residência de Santa Marta, na Cidade do Vaticano, onde vive em um apartamento de 50 metros quadrados de dois cômodos. No entanto, há a expectativa de alta para hoje. A recuperação de Francisco foi documentada por um curto boletim médico diário, um movimento incomum da Santa Sé, relutante em comentar sobre a saúde do papa. Nenhum boletim foi publicado ontem.
O papa sofria de inflamação dolorosa dos divertículos — hérnias ou bolsas que se formam nas paredes do sistema digestivo. Ele desenvolveu uma das possíveis complicações dessa condição: estenose, o estreitamento do intestino. Na Policlínica Gemelli, ele foi fotografado conversando com uma paciente idosa acamada e oferecendo-lhe um presente. Sobre uma cadeira de rodas, também parou para falar com médicos e enfermeiros.