O relator especial da ONU para Mianmar, Tom Andrews, acusou, nesta quarta-feira (7/7), a junta militar no poder desde o golpe de 1º de fevereiro de cometer "crimes contra a humanidade" e pediu à comunidade internacional que ponha fim a este "pesadelo".
Em sua intervenção no Conselho de Direitos Humanos da ONU, Andrews denunciou "os ataques generalizados e sistemáticos da junta militar contra o povo de Mianmar, atos que constituem crimes contra a humanidade", assim como "a incapacidade da comunidade internacional de fazer o que é necessário para detê-los".
"Alguns habitantes de Mianmar perderam a esperança de receber apoio da comunidade internacional e estão tentando se proteger formando grupos de defesa e cometendo atos de sabotagem, enquanto outros teriam tomado como alvo colaboradores e funcionários da junta", alertou este especialista independente, que conta com mandato do Conselho, mas não fala em nome da ONU.
Desde o golpe militar em 1º de fevereiro, Mianmar registra confrontos muito graves.
Na terça-feira (6/7), a alta Comissária das Nações Unidas para os Direitos Humanos, Michelle Bachelet, destacou que a situação política neste país é "catastrófica" e é um risco para a região.
De acordo com a ONU, quase 900 pessoas morreram em meio à repressão. Outras 200.000 se viram forçadas a abandonar suas casas, após operações militares em bairros e aldeias. Milhares fugiram para países vizinhos.
Pelo menos 5.200 pessoas foram presas arbitrariamente. Entre elas, estão mais de 90 jornalistas. Oito grandes veículos de comunicação foram fechados.
O relator especial solicitou à comunidade internacional para corte as receitas da junta para pôr fim a este "reino do terror".