Amsterdã

Condenação e comoção na Holanda após ataque contra jornalista

Segundo o chefe da polícia de Amsterdã, Frank Paauw, três pessoas foram presas: duas delas, em um veículo em uma rodovia, e a outra, ainda na cidade onde o crime foi cometido

O jornalista holandês Peter R. de Vries, especializado em investigações criminais, está entre a vida e a morte nesta quarta (7/7), após ser baleado na terça-feira (6/7) em Amsterdã, em um atentado considerado um crime contra a liberdade de imprensa pelo governo e pela União Europeia (UE).

"O ataque a Peter R. de Vries é chocante e inconcebível. É um ataque a um jornalista corajoso e, por extensão, à liberdade de imprensa, que é tão essencial para nossa democracia e nosso Estado de Direito", disse o primeiro-ministro holandês, Mark Rutte, em coletiva de imprensa horas após o ataque.

O jornalista e apresentador de televisão, de 64 anos, é conhecido na Holanda por seu papel em vários casos criminais. Ele também costuma aparecer como porta-voz das vítimas, ou no círculo mais próximo das principais testemunhas. Durante sua carreira, recebeu várias ameaças de morte.

"Ele está lutando para sobreviver", disse a prefeita de Amsterdã, Femke Halsema, a repórteres.

Segundo o chefe da polícia de Amsterdã, Frank Paauw, três pessoas foram presas: duas delas, em um veículo em uma rodovia, e a outra, ainda na cidade onde o crime foi cometido.

Entre essas pessoas está o suposto autor dos tiros, acrescentou Paauw, sem dar detalhes sobre as detenções, ou sobre o motivo do crime.

Peter R. de Vries levou vários tiros em uma rua no centro de Amsterdã, por volta das 19h30 (14h30 de Brasília). Ele saía de seu estúdio de televisão, após participar de uma reunião de trabalho.

Várias testemunhas ouviram cinco tiros e viram que uma das balas atingiu o jornalista na cabeça, informou a televisão pública NOS.

"Dia sombrio para a liberdade de imprensa" 


"É um dia sombrio, não apenas para aqueles próximos a Peter R. de Vries, mas para a liberdade de imprensa", disse o ministro holandês da Justiça e Segurança, Ferdinand Grapperhaus.

"Queremos que qualquer jornalista deste país possa realizar uma investigação em total liberdade. E essa liberdade foi claramente atacada esta noite", acrescentou.

O ataque também gerou reações fora da Holanda.

"Este é um crime contra o jornalismo e um ataque aos nossos valores democráticos (...) Continuaremos a defender a liberdade de imprensa incansavelmente", disse o presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, no Twitter.

De acordo com Tom Gibson, representante para a União Europeia do Comitê para a Proteção dos Jornalistas, uma ONG de defesa da liberdade de imprensa com sede nos Estados Unidos, "os jornalistas na UE devem ser capazes de investigar crimes e corrupção sem temerem por sua segurança".

As autoridades holandesas devem investigar "rápida e completamente" este ataque para esclarecer se o jornalista "foi visado por causa de seu trabalho" e para levar os responsáveis pelo crime "à Justiça".

Nos últimos "rankings" de liberdade de imprensa da ONG Repórteres Sem Fronteiras (RSF), a Holanda ficou em sexto lugar entre 180 países, atrás de Noruega, Finlândia, Suécia, Dinamarca e Costa Rica.

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