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EUA pedem ao Irã que acabe com suas 'provocações' nucleares

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que o Irã pretende "produzir urânio metálico com uma taxa de enriquecimento de 20%"

Os Estados Unidos e a Europa se mostraram "preocupados" nesta terça-feira (6/7) com a decisão do Irã de aumentar seu enriquecimento de urânio, minando ainda mais os esforços para salvar o acordo nuclear de 2015.

A Agência Internacional de Energia Atômica (AIEA) disse que o Irã pretende "produzir urânio metálico com uma taxa de enriquecimento de 20%".

"As operações começaram", confirmou Kazem Gharibabadi, representante de Teerã no órgão da ONU, citado pela agência iraniana Irna. Ele também garantiu que o objetivo é melhorar "a produção de produtos farmacêuticos".

Mas o Ocidente teme que, sob o pretexto das pesquisas científicas, o Irã esteja tentando obter armas atômicas.

"Preocupante"

Os Estados Unidos consideraram "preocupante" que o Irã esteja cada vez mais se afastando de seus compromissos nucleares e pediram ao país que acabe com suas "provocações".

"É preocupante que o Irã tenha optado por uma escalada", disse o porta-voz do Departamento de Estado, Ned Price. "Continuamos pedindo ao Irã que pare com suas provocações", afirmou ele.

"Este é mais um passo para trás do Irã, pois apresentamos nossa sincera intenção de voltar" a assinar o acordo nuclear iraniano, concluído em 2015, em Viena, comentou Price.

Esse acordo entre o Irã de um lado e os Estados Unidos, França, Alemanha, Reino Unido, Rússia e China do outro, conhecido como JCPOA, sua sigla em inglês, ofereceu a Teerã um alívio das sanções do Ocidente e da ONU em troca de seu compromisso de não se munir de armas nucleares e reduzir drasticamente seu programa nuclear, sob o controle da organização internacional.

No entanto, Washington se retirou do pacto em 2018 por decisão do então presidente Donald Trump, que impôs novamente suas sanções. Em resposta, o Irã renunciou à maioria de suas obrigações.

Os países europeus também expressaram "grande preocupação" com o anúncio iraniano, que conspira contra as negociações de Viena com o objetivo de relançar o acordo nuclear.

"Com seus últimos passos, o Irã está ameaçando um desfecho bem-sucedido das negociações de Viena, apesar do progresso feito nas seis rodadas de negociações até agora", disseram em nota os ministérios das Relações Exteriores da França, Reino Unido e Alemanha.

Negociações em risco

Ao chegar à Casa Branca em janeiro, Joe Biden anunciou sua intenção de retomar o acordo. As conversas sobre o tema foram retomadas em abril na capital austríaca, embora tenham estagnado.

Mas em fevereiro Teerã impôs restrições às inspeções da AIEA e iniciou a produção de urânio metálico para fins de pesquisa, uma questão delicada porque esse material também pode ser usado na fabricação de armas nucleares.

Ao decidir agora passar para uma taxa de enriquecimento mais alta, "o Irã coloca em risco a possibilidade de concluir com sucesso as negociações de Viena", afirmaram os ministros europeus.

"Continuamos acreditando que o canal diplomático é o melhor e mais eficaz para garantir que o Irã não adquira armas nucleares", declarou o porta-voz da diplomacia dos EUA.

Mas "tais provocações não darão ao Irã qualquer influência nas negociações", acrescentou. "Continuamos pedindo ao Irã por um fim dessa escalada, que retorne a Viena para fechar reais negociações e esteja pronto para finalizar o trabalho que iniciamos em abril", observou.

Essas conversas estão atualmente paralisadas. “Não serão retomadas esta semana”, disse um diplomata europeu procurado pela AFP.

Enquanto isso, o novo presidente iraniano, o ultraconservador Ebrahim Raisi, se prepara para tomar posse em agosto.