Os preços do petróleo subiram nesta terça-feira (6/7), depois que os 23 membros da aliança OPEP+ adiaram sua reunião destinada a chegar a um acordo sobre o nível de produção de petróleo, em meio à redução dos estoques e a uma crescente demanda mundial.
O barril de WTI para entrega em agosto, referência nos Estados Unidos, superou os 76,90 dólares pela primeira vez desde novembro de 2014 e alcançou 76,98 dólares. Até as 6h40 (horário de Brasília), ganhava 1,56%, chegando a 76,33 dólares.
O barril de petróelo Brent do Mar do Norte para entrega em setembro, referência na Europa, aumentou para 77,84 dólares pela primeira vez desde o final de outubro de 2018.
"A falta de acordo sobre os aumentos de produção em agosto e para além deixa o mercado ainda mais deficitário do que antes", disse Neil Wilson no Markets.com.
A suspensão da reunião da Organização de Países Exportadores de Petróleo (OPEP) com outros países produtores de petróleo aumentou as chances de se chegar aos 100 dólares por barril, um nível que não é visto desde 2014.
O secretário-geral do cartel, Mohammed Barkindo, divulgou um comunicado na seguda-feira (5), informando que a reunião da aliança OPEP+ estava cancelada e que "a data da próxima reunião será decidida no momento oportuno".
O encontro foi cancelado pelas desavenças observadas na reunião de sexta-feira (2/7) entre a OPEP e seus dez aliados.
Há uma proposta sobre a mesa: aumentar a produção de petróleo em 400.000 barris diários a cada mês, entre agosto e dezembro, ou seja, um total de dois milhões de barris diários no mercado até o final do ano.
Com essa proposta, pretendem atender a crescente demanda pela recuperação econômica mundial e o período de férias nos Estados Unidos.
Ainda não houve convergência, porém, entre os Emirados Árabes Unidos e o restante da aliança sobre uma questão técnica: seu volume de produção de referência.
Diante disso, os analistas vislumbram vários cenários possíveis. Um deles é que não haja acordo e, portanto, não se aumente a produção. Isso dispararia os preços de petróleo. Outra possibilidade é que o grupo se dissolva, e os países disputem entre si as participações no mercado, mediante a redução de preços.
A divergência atrapalhou a primeira rodada de reuniões do cartel na quinta-feira e, de novo, na sexta, entre os membros do grupo. Nele, em geral, as disputas costumam ser sobre os preços de seus pesos pesados: Rússia e Arábia Saudita.
A OPEP+ também enfrenta uma situação complexa, com uma recuperação real da demanda, mas que ainda é frágil, assim como o provável retorno, no médio prazo, das exportações iranianas e dos preços elevados. Este último poderá provocar o descontentamento de grandes importadores, como a Índia.